“Salve o Corinthians, o campeão dos campeões”. Neste domingo, a frase
que dá o pontapé inicial ao hino entoado com orgulho por milhões de
corintianos faz muito sentido. Principalmente para esse Corinthians,
comandado por Tite. O empate por 1 a 1 com o Santos, na Vila Belmiro,
deu ao Timão seu 27º título do Campeonato Paulista. Algo corriqueiro em
sua história centenária, é verdade. Mas não para esse grupo, campeão
brasileiro, da Taça Libertadores e do mundo em sequência.
O Paulistão, por mais renegado que seja por alguns, era perseguido por
Tite havia quase dez anos. Desde 2004, mais precisamente, quando foi
demitido do São Caetano – o Azulão, sob o comando do agora santista
Muricy Ramalho, seria campeão estadual em seguida. De lá para cá, Tite
foi campeão de quase tudo. Teve Sul-Americana, Brasileiro, Libertadores,
Mundial, mas não aquele que é considerado o principal estadual do país.
O título, portanto, coroa a invejável galeria do treinador.
Mais do que isso: ajuda a diminuir a dor da eliminação precoce da
Libertadores da América, na última quarta-feira, ainda nas oitavas de
final, para o tradicional Boca Juniors. Dá à fiel torcida, que tanto
apoiou após a queda para os argentinos, um motivo para fechar em grande
estilo uma semana que poderia ser das mais tristes. Saco de pancadas das
brincadeiras dos rivais nos últimos quatro dias, o Timão volta a ser
Todo Poderoso no estado.
Durante a semana, vários assuntos esquentaram o clássico: a iminente
saída de Neymar, a eliminação precoce do Corinthians na Libertadores,
com direito a erros da arbitragem, e a troca do juiz da final - Rodrigo
Braghetto, sacado porque sua empresa presta serviços ao Timão, deu lugar
a Guilherme Ceretta de Lima. A maior expectativa, porém, era sobre
Neymar.
O santista, se está mesmo de despedida, queria coroar isso com um
título. Mas em sua quinta final seguida de Campeonato Paulista, ele não
conseguiu brilhar. A fragilidade do Santos o deixou praticamente sozinho
nessa batalha. E o tão sonhado tetra inédito do Peixe não veio. Fica a
missão para o time da Baixada de encontrar um substituto para o seu
craque. Seja para agora ou para depois.
Danilo, autor do gol do Corinthians na finalíssima do Paulistão
Peixe dependente x Timão solidário
A proximidade da saída de Neymar para o futebol europeu aumentou a atenção a cada gesto ou lance do craque na partida. A começar pela maneira com que ele cantou o hino nacional, passando pela prece que fez ajoelhado no círculo central antes de a bola rolar até as faltas sofridas e os dribles dados.
A proximidade da saída de Neymar para o futebol europeu aumentou a atenção a cada gesto ou lance do craque na partida. A começar pela maneira com que ele cantou o hino nacional, passando pela prece que fez ajoelhado no círculo central antes de a bola rolar até as faltas sofridas e os dribles dados.
Nada mais natural diante do tamanho do atacante para o futebol
brasileiro e da sua importância para o Santos. Aliás, o time da Vila
Belmiro é totalmente dependente do seu craque. A cada partida isso fica
mais claro. Numa final, então... Acelerado, o atacante tentou. Armou,
driblou, chutou, mas, sozinho, não fez milagre.
Neymar, caído, é observado pelo goleiro Cássio
Bem diferente do Corinthians. Sem se abater com a precoce eliminação na
Libertadores da América, o time do técnico Tite mostrou sua principal
força: o conjunto. Paulinho, Danilo, Romarinho e Paolo Guerrero se
destacaram pela voluntariedade e por estarem sempre presentes nas
jogadas de perigo.
Apesar da diferença técnica entre um e outro foi o Santos que abriu o
placar na Vila Belmiro. E por incrível que pareça, Neymar não participou
do lance. Aos 26 minutos, Felipe Anderson bateu falta cruzada, Durval
ajeitou de cabeça e Cícero bateu de virada, quase um voleio, sem chance
para o goleiro Cássio.
Para ser campeão, o Peixe ainda precisava de mais um gol. Mas não houve
tempo de se empolgar. Apenas dois minutos depois, o Corinthians
empatou. Em uma jogada característica, um gol coletivo, com cinco
jogadores participando do lance. Após bela troca de passes entre
Alessandro, Romarinho e Guerrero, Paulinho chutou, Rafael defendeu e
Danilo, decisivo, fez no rebote.
Com tudo igual novamente, Neymar continuou sua missão a frente do
“exército de um homem só” em que se transformou o Peixe. Já o
Corinthians, comandado por Danilo, bombardeou o Peixe. O meia acertou a
trave, Paulinho também. E Romarinho teve grande chance de virar, mas
parou nas mãos do goleiro Rafael.
Cícero vibra com o gol marcado no primeiro tempo para o Santos
Neymar tenta, Timão comemora
Dependente ou não de Neymar, o segundo tempo para o Santos era tudo ou
nada. Já o Corinthians tinha duas opções: ir para cima e definir logo a
decisão ou administrar a vantagem do empate. Preferiu a segunda. Assim,
deu espaço para o Peixe criar e se aproximar do gol de Cássio.
Guerrero deu trabalho à defesa do Santos na Vila
Neymar, é claro, era o articulador. Mas estava nervoso. Logo no início
da etapa discutiu com Paulo André, depois de tomar uma bolada do
adversário. Com o dedo em riste, reclamou com o corintiano. Recebeu a
bronca de volta. O clima entre eles estava ruim desde o primeiro tempo,
por falta dura do zagueiro não marcada.
O fato de ir para cima do Corinthians, claro, deixou o Santos mais
vulnerável. Nos contra-ataques, o Timão poderia ter matado o jogo, mas
falhou. Romarinho perdeu gol feito aos 16. Após lançamento do campo de
defesa, o atacante ficou sozinho, cara a cara, com Rafael. O chute
rasteiro, porém, bateu na trave e saiu pela linha de fundo.
Se o Peixe tinha mais posse de bola, o Timão era mais perigoso. Foi
assim a partida inteira, deixando claro que falta ao time da Vila
Belmiro poder de decisão. Só Neymar o tem, com raros e esporádicos
lances de Cícero, que fez boa partida. Era preciso mais ímpeto para que o
Santos tirasse o título do Corinthians.
Não houve. O empate por 1 a 1, somado à vitória do Timão por 2 a 1 no
Pacaembu, deu ao Corinthians o seu 27º título do Campeonato Paulista e
impediu o Santos de chegar ao tetra consecutivo, algo inédito na era do
profissionalismo no estadual de São Paulo.
Neymar passa por Paulinho, seu companheiro de Seleção
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