Na contramão da diretoria, Tite lembra tragédia e diz: 'Não é acidente'

 

Punido pela Conmebol, Corinthians teve que jogar com os portões fechados

 

O técnico Tite, do Corinthians, admitiu que o Pacaembu vazio na noite desta quarta-feira, na vitória por 2 a 0 sobre o Millonarios, pela Taça Libertadores, o deixou desconcentrado. Principalmente nos primeiros 15 minutos. Talvez não apenas pelo fato de ser uma situação atípica para o Corinthians, mas também pela lembrança da tragédia.

Na semana passada, no empate por 1 a 1 com o San José, em Oruro, na Bolívia, o garoto Kevin Espada, de 14 anos, morreu após ser atingido por um sinalizador, disparado pela torcida corintiana. Por conta disso, a Conmebol determinou portões fechados nos jogos do Timão - quatro pessoas entraram no Pacaembu nesta quarta graças a uma liminar da Justiça.

- Eu demorei uns 15 minutos para ficar concentrado no jogo. Fiquei no dilema de fazer o que realmente faço ou de mudar. Passam 300 coisas na cabeça depois de uma tragédia como essa. E para mim não é acidente. Acidente é outra coisa - declarou o comandante do time alvinegro.

O discurso de Tite vai na contramão do adotado pela diretoria, que considera acidente a morte de Kevin Espada. Desde a semana passada, 12 corintianos estão presos na Bolívia para averiguação. E na última segunda-feira, em Guarulhos, o menor H. A. M, de 17 anos, confessou na Vara da Infância e da Juventude ser o autor do disparo.

- Passado o tempo, eu começo a refletir qual é meu papel como técnico de um time da grandeza do Corinthians, de poder ser um porta-voz para que esse tipo de coisa não aconteça mais. Posso trabalhar em prol do esporte, me posicionar em relação a isso - acrescentou o técnico do Corinthians.

Muito ligado à família, Tite fez questão em sua entrevista coletiva de dedicar a vitória sobre o Millonarios a sua esposa, Rose.

- Como bom marido, quero oferecer essa vitória para minha esposa. Ela sabe o motivo - comentou o treinador corintiano.

 

Tite admite que demorou para se concentrar na partida