Os 12 corintianos que estão detidos em Oruro como suspeitos pela morte do torcedor
O Código Disciplinar da Conmebol, que entrou em vigor neste ano,
responsabiliza os clubes de futebol pelo comportamento de suas torcidas
nos estádios. Por isso, o Corinthians sabe que corre riscos de graves
punições quando for julgado pelo Tribunal de Disciplina da entidade pela
morte de Kevin Douglas Beltran Espada,
torcedor do San José de 14 anos que foi atingido no olho por um
sinalizador, na noite de quarta-feira, supostamente disparado pelos
alvinegros no estádio Jesús Bermúdez, em Oruro, na Bolívia.
Porém, a culpa pode não cair toda sobre os brasileiros. O
GLOBOESPORTE.COM apurou que o clube boliviano pode dividir a
responsabilidade do acidente por permitir a entrada de sinalizadores,
proibidos pelo código sul-americano, no local da partida.
O presidente do San José, Freddy Fernández, viu falha da polícia de
Oruro na questão da segurança do público. Segundo o dirigente, as
revistas foram feitas só nos jornalistas e torcedores bolivianos. O
clube informou que vai apresentar sua defesa à Conmebol com base na
investigação policial para que a entidade sul-americana tome suas
decisões.
No código disciplinar, o artigo 18 traz uma relação de possíveis
punições para os clubes em situações de "comportamentos inadequados da
torcida", como advertências, repreensões, multas de R$ 200 a R$ 200 mil,
anulação ou repetição do jogo, perda de pontos, atuar com portões
fechados, proibição de jogar em um estádio ou um país, exclusão da
competição (presente ou de futuras edições) e perda de licença. Apesar
da gravidade do caso, o risco de exclusão do torneio, entretanto, é
improvável para as duas equipes.
Diferente do Brasil, identificação de infrator não livra clube de culpa
No Brasil, quando há problemas envolvendo torcidas no estádio, na
maioria das vezes em casos de objetos arremessados no campo, o clube
pode escapar de punição se o infrator for identificado e punido, segundo
determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Mas na
Conmebol não há orientação para esse tipo de situação no código
disciplinar. Mesmo que encontrem o autor do disparo do sinalizador que
matou o jovem boliviano, Corinthians e San José ainda serão punidos.
Porém, a identificação do culpado pode amenizar a futura punição no
julgamento.
Em Oruro, 12 torcedores do Corinthians estão detidos em uma cela na
"Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen" (Força Especial de Luta
Contra o Crime) como suspeitos. Todos se dizem inocentes no caso. A polícia informou que apreendeu nove sinalizadores de navio no meio da torcida alvinegra no estádio, logo após a tragédia.
Presidente do Tribunal de Disciplina, o brasileiro Caio Rocha - que
também é vice-presidente do STJD - não poderá participar desse
julgamento, pois o código veta a participação de advogados dos países
dos clubes envolvidos. Com isso, o uruguaio Adrián Leiza assumirá
novamente a presidência do tribunal, assim como aconteceu no caso da
avalanche da torcida do Grêmio, no duelo contra a LDU na
pré-Libertadores, e como fará em relação ao caso da final da Copa
Sul-Americana do ano passado, entre São Paulo e Tigre, da argentina.
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