Menor se entrega em Guarulhos para confessar disparo
O advogado Miguel Blancourt apresentou, no início da tarde desta
segunda-feira, a apelação à decisão do juiz cautelar Julio Huarachi Pozo
de decretar a prisão preventiva dos 12 torcedores corintianos
indiciados pela morte de Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos. A
reportagem do GLOBOESPORTE.COM teve acesso ao documento, que contesta
cinco pontos considerados falhos no inquérito policial assinado pela
fiscal de investigação Abigail Saba.
O inquérito mostra que os 12 torcedores foram indiciados por homicídio
doloso, sendo que dois deles seriam autores – Cleuter Barreto Barros e
Leandro Silva de Oliveira –, enquanto os outros dez ficaram na condição
de cúmplices. Este é o primeiro ponto contestado pela apelação: “É
impossível fazer com que 12 pessoas sejam responsáveis pelo lançamento
de um único artefato”, diz o documento.
Os outros quatro pontos apontados como possíveis contradições do inquérito são os seguintes:
- De acordo com a lei boliviana, os depoimentos dos acusados precisam
ser tomados por quem está lhes acusando. No caso, a fiscal de
investigação Abigail Saba. No entanto, quem ouviu os 12 torcedores
corintianos foi um assistente dela;
- Para o advogado dos presos, eles só foram encarcerados pelo fato de
serem brasileiros, o que configuraria um preconceito. Para Miguel
Blancourt, o único motivo da prisão foi um suposto temor de fuga dos
corintianos;
- A prisão não foi em flagrante, e a princípio o advogado alega que os
12 foram levados apenas para prestarem esclarecimentos. A morte de Kevin
ocorreu às 21h05m (horário local), no início do primeiro tempo do jogo
entre San José e Corinthians. Os torcedores só foram levados para a
delegacia uma hora depois;
- De acordo com o advogado da embaixada, Abigail Saba prometeu
apresentar vídeos que provariam a participação dos torcedores no disparo
do sinalizador. Na audiência, porém, foi mostrada apenas uma foto do
incidente. Miguel Blancourt diz que as provas são inconsistentes.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Abigail Saba respondeu de forma
veemente aos argumentos apontados pelo advogado que cuida dos 12 presos
na Penitenciária de San Pedro. Ela tem convicção de que o juiz cautelar
vai negar a apelação e que o processo vai continuar correndo
normalmente.
- É um processo normal. A defesa tem direito à apelação, mas, pela
minha experiência, sei que isso será negado. Há muitas questões que
ainda precisamos esclarecer, e por isso o melhor é manter esses 12
brasileiros encarcerados. Não há contradições no inquérito, ele é que
não está interpretando da maneira correta – disparou Saba.
Além da apelação, a defesa dos corintianos prepara provas suficientes
para apresentar um pedido de reforma do inquérito, que correria
paralelamente à apelação. Neste pedido de reforma, é possível incluir
novos fatos – o advogado quer anexar a entrevista do menor de 17 anos
que confessou o crime ao programa "Fantástico", da TV Globo, além de uma
ficha do garoto, que deve chegar à Bolívia ainda nesta segunda, e de
depoimentos de testemunhas. Marina Kim, esposa de um dos presos, será a
primeira a dar sua versão do caso.
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