A semana que se inicia será atípica para o Corinthians. Até a última
quarta-feira, data que marcou a estreia da equipe na Taça Libertadores
da América, a torcida acreditava que lotaria o estádio do Pacaembu no
dia 27, para a partida contra o Millonarios, da Colômbia, primeira como
mandante na competição continental. A morte do boliviano Kevin Douglas
Beltrán Espada, de 14 anos, no jogo diante do San José, mudou todos os
planos: por decisão da Conmebol, o Timão terá de fechar os portões do
estádio do Pacaembu - o clube recorreu e espera que a entidade se pronuncie nesta segunda-feira. A medida impactou até mesmo sobre o técnico Tite, que já promete preparação especial para seu elenco.
Estádio Pacaembu: vazio para o jogo de quarta-feira?
Abalado com a tragédia que vitimou o garoto no estádio Jesús Bermúdez,
em Oruro, o treinador quer assegurar que os jogadores tenham equilíbrio
emocional suficiente para jogar pelo menos a primeira fase da
Libertadores sem a presença da torcida. Para isso, promete balancear os
três dias de preparação entre preparo físico e psicológico.
– Foi tudo muito rápido, mal tivemos tempo de descansar. E falo de
corpo e cabeça. Estamos disputando duas competições de muita grandeza e
importância. Eu já falei para o Fábio (Mahseredjian): precisamos estar
fortalecidos, recuperados, para aguentar esse nível de exigência –
afirmou.
Na última quarta, ao fim do jogo com o San José, Tite mal conseguia
falar. Sua entrevista coletiva se resumiu a duas frases, lamentando
profundamente a morte de Kevin e dizendo que, se pudesse, trocaria até
mesmo o título mundial conquistado em dezembro pela vida do garoto. O
abalo da diretoria corintiana também foi notável: o gerente de futebol
Edu Gaspar chorou ao comentar o ocorrido.
O técnico preferiu evitar qualquer tipo de comentário em relação à
punição imposta pela Conmebol. Embora a tragédia em Oruro tenha afetado
diretamente seu trabalho, uma vez que o Corinthians terá de jogar com as
arquibancadas vazias contra Millonarios, Tijuana e San José, Tite
prometeu manter o foco sobre um único objetivo: avançar na competição. A
única ressalva do comandante foi uma promessa: avisar a Polícia sobre
qualquer irregularidade observada em qualquer estádio onde o Timão
jogar, para evitar novos acontecimentos como este.
– Ficarei atento ao meu trabalho, mas gostaria de nunca mais participar
de um episódio como esse. Não tinha como prever, mas prometo que, se eu
observar algum aspecto de falta de segurança, vou usar a mídia para
denunciar. Não quero mais participar de um momento como aquele –
explicou.
A expressão de Tite quando questionado sobre como será observar o
estádio do Pacaembu vazio, sem a presença dos torcedores, que lotaram em
todos os jogos da Libertadores do ano passado, conquistada pelo Timão,
foi de preocupação. O técnico demorou alguns segundos para resumir o
quanto será difícil encarar o silêncio fora do gramado.
– Não sei o quanto perdemos. Não sei mesmo responder. Tomara que tenhamos forças.
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