O atacante Adriano completa 30 anos nesta sexta-feira cercado de dúvidas sobre seu futuro. O camisa 10 do Corinthians tem boas chances de jogar contra o São Caetano, neste sábado, naquele que seria apenas seu sexto jogo pelo clube quase um ano depois de ser contratado.
Ele chegou ao time alvinegro em março de 2011 para tentar preencher o hiato deixado pela aposentadoria de Ronaldo. Sua passagem, no entanto, ainda não é digna de lembranças positivas: uma lesão grave no tendão de Aquiles da perna esquerda, faltas a treinos, dificuldade para entrar em forma e polêmicas extra-campo ofuscaram as poucas aparições no gramado - são cinco jogos incompletos e um gol.
A expectativa pela volta por cima ainda existe, já que o centroavante costuma alternar fases turbulentas com momentos de destaque na carreira que começou aos 17 anos, quando dava seus primeiros chutes no Flamengo. Pouco tempo depois, o garoto crescido na comunidade da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, já estava sendo contratado pela Internazionale de Milão, onde receberia o apelido que o consagrou: "Imperador".
Antes disso, contudo, Adriano foi emprestado para ganhar experiência. A passagem pela Fiorentina não teve brilho, mas o Parma lhe deu destaque internacional. Entre 2002 e 2004, foram 32 gols que o colocaram como destaque na conquista de dois honrosos quintos lugares no Campeonato Italiano e evidenciaram: o jovem brasileiro estava pronto para ser o craque da Internazionale.
Na temporada 2004/2005, o atacante acostumou-se a derrubar adversários com sua força física e a balançar inúmeras redes com a potente perna esquerda. Foi em um lance assim que ele marcou seu gol mais famoso: na final da Copa América de 2004 - da qual foi artilheiro e melhor jogador -, garantiu o empate contra a Argentina no último minuto e deu à Seleção Brasileira a chance de ser campeã nos pênaltis, posteriormente.
Em meio ao sucesso, justamente no magnifício ano de 2004, viria o primeiro grande baque de uma trajetória até então gloriosa: a morte de Almir, seu pai. O brilho e o poder de fogo foram mantidos até a conquista da Copa das Confederações de 2005, mas os altos e baixos atrapalharam o jogador na Copa do Mundo do ano seguinte, quando o Brasil teve campanha frustrante e foi eliminado pela França.
A queda vertiginosa em 2007, ano em que ocupou o noticiário mais por suas aventuras na noite italiana do que pelo futebol apresentado, fez com que a Inter o liberasse de graça para disputar o Campeonato Paulista e a Libertadores de 2008 pelo São Paulo. Apesar de não ter conquistado títulos, o time tricolor conseguiu "domá-lo" e abafou quase tudo o que pudesse virar polêmica - exceto no dia em que o goleador chegou atrasado, foi embora mais cedo e discutiu com um fotógrafo no CT da Barra Funda, fatos que lhe renderam uma multa e uma bronca pública do presidente Juvenal Juvêncio.
Depois do episódio, os gols passaram a sair com frequência e a volta à Seleção Brasileira se concretizou no final de sua passagem pelo Morumbi. O regresso à Inter, no entanto, mostrou que o atleta estava longe de entrar nos eixos. Depois de algumas partidas sem brilho, ele deixou a Europa e avisou que se afastaria do futebol por tempo indeterminado, o que não foi colocado em prática.
Após refugiar-se na Vila Cruzeiro por alguns dias, Adriano foi repatriado pelo Flamengo para dar a volta por cima com mais gols, título do Campeonato Brasileiro de 2009 e retorno à Seleção. O problema é que as polêmicas não o abandonaram: confusões com a então noiva Joana Machado e relações amistosas com traficantes prejudicaram sua nova passagem pelo Mengão e o levaram de volta à Itália, desta vez para vestir a camisa da Roma.
Na volta ao futebol italiano, foram oito jogos, nenhum gol, uma lesão no ombro e mais uma volta para casa. Vanderlei Luxemburgo, que comandava o Flamengo, não aceitou recebê-lo. As portas que se abriram foram as do Corinthians, por intermédio do amigo Ronaldo, ainda prestes a se aposentar - ele chegaria em março de 2011, já com o amigo longe dos gramados.
Uma nova volta por cima foi ensaiada com o gol decisivo diante do Atlético-MG, que garantiu a vitória por 2 a 1 no Estádio do Pacaembu, em duelo válido pela reta final do Brasileiro que teve a equipe de Parque São Jorge como campeão.
No entanto, as dificuldades para voltar à forma ideal o impediram de disputar jogos oficiais em 2012, o que está próximo de acontecer graças a duas semanas de confinamento no CT Joaquim Grava.
Caso realmente jogue contra o São Caetano, Adriano terá a chance de festejar seu 30º aniversário dando indícios de que seu talento ainda pode proporcionar alegrias aos fãs do futebol brasileiro. Mas a celebração depois do jogo precisará ser contida, sem exagero no consumo de comida e bebida alcoólica, para que não haja interferência na briga contra a balança e na caminhada para reconstruir seu império.
- Gazeta Esportiva
Nenhum comentário:
Postar um comentário