quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Juiz aceita denúncia: Diguinho e Emerson viram réus em processo

montagem Emerson Diguinho  (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM) 
Emerson e Diguinho respondem por contrabando e lavagem de dinheiro
 
O juiz Gustavo Pontes Mazzochi, da 3ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Diguinho e Emerson. A partir de agora, os dois viraram réus e passam a responder pela ação criminal. Acusados de contrabando e lavagem de dinheiro na importação ilícita de um carro de luxo usado dos Estados Unidos, os jogadores de Fluminense e Corinthians, no entanto, poderão viajar para defender seus clubes na Libertadores, desde que sempre informem à Justiça sobre o local e as datas de ida e volta.

- Em princípio não precisou de nenhuma medida cautelar. Eles vão ter que informar as viagens, onde vão, quando voltam... Se eles colaborarem, não haverá nenhum problema - explicou o juiz.

Ainda segundo o magistrado, Diguinho e Emerson serão citados para responder à acusação por escrito e terão um prazo de dez dias para fazer isso. Eles vão poder arrolar testemunhas para se defender. A partir daí, o juiz vai apreciar a resposta deles, e a possibilidade de absolvição logo após este primeiro passo existe. Caso contrário, as testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas para depois os próprios jogadores darem seus depoimentos.

Gustavo Mazzochi acredita que se tudo correr dentro do esperado, o caso deve ser resolvido em dois meses.

Advogado de Emerson, Ricardo Cerqueira confia que o caso seja resolvido logo após a apresentação da defesa prévia. Segundo ele, Emerson é inocente e foi vítima de uma fraude da concessionária onde comprou a BMW X-6.

- Vamos apresentar uma defesa preliminar, e ele (o juiz) poderá absolver sumariamente. Espero que ele acolha os argumentos defensivos no sentido de absolvição. Temos consciência da inocência do Emerson. Ele é um consumidor. Quem tem de ver a procedência do veículo é a concessionária. Ele foi vítima de uma fraude - disse.

O advogado do corintiano disse ainda que tem conversado com o jogador sobre o assunto:

- Ele está sereno, aguardando tudo isso e confiando na Justiça. Mas claro que aborrece - afirmou.

Já Itamar Gomes de Jesus, advogado de Diguinho, disse que ainda não havia sido informado sobre a decisão do juiz, mas também mostrou confiança na absolvição do volante.

- Ainda não fui informado da aceitação da denúncia, mas acho que não haverá problema algum, já que este mesmo juiz liberou o carro do Diguinho num primeiro momento.

Se condenados, Diguinho e Emerson podem pegar de quatro a 12 anos de prisão. Em depoimento para a polícia, os dois acabaram caindo em contradição. Enquanto Emerson disse ter conversado apenas por mensagem de celular com o amigo sobre a compra, Diguinho confirmou que eles se encontraram para falar do assunto depois que as investigações foram divulgadas.

Entenda o caso

Denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por contrabando e lavagem de dinheiro na aquisição de um carro usado da marca BMW X-6, importado ilicitamente dos Estados Unidos, Emerson e Diguinho são acusados de agir de má-fé. Ou seja, "tinham ciência do esquema criminoso", de acordo com a denúncia (clique aqui e leia o documento na íntegra).

Segundo o texto da denúncia, o objetivo é “apurar a participação de determinados indivíduos em organização criminosa ligada à máfia dos caça-níqueis no Rio de Janeiro”. A investigação começou no ano passado, com a Operação Black Ops, iniciada com a tentativa de homicídio contra o contraventor Rogério de Andrade pelo israelense Yoram El Al, que atuaria no Rio em parceria com Haylton Carlos Gomes Escafura. No desmembramento, descobriu-se que a concessionária Euro Imported Cars Veículos era peça-chave no esquema de lavagem de capitais e na ocultação dos crimes praticados pela quadrilha. É aí que entram Emerson, Diguinho e as BMW X6.

- Estes indivíduos foram os intermediários para a introdução clandestina no Brasil do veículo importado pela Euro Imported Cars e adquirido pelo jogador de futebol Emerson “Sheik”, cujo nome completo é Márcio Passos de Albuquerque (...) As negociações, de acordo com os áudios interceptados, eram flagrantemente criminosas, com falsidades escancaradas - diz trecho da denúncia.

No Brasil, a BMW zero é avaliada em cerca de R$ 300 mil, mas em outubro de 2010 Emerson comprou o carro por R$ 200 mil. Quase dois meses depois, ele devolveu para a mesma agência (Rio Bello) e recebeu R$ 160 mil. Nesse mesmo dia, Diguinho comprou o veículo por R$ 200 mil. Porém, em janeiro de 2011, o volante do Fluminense retornou ao local com o carro. Horas depois, ele compraria o importado mais uma vez. As notas fiscais da movimentação foram entregues à Justiça pelo Ministério Público Federal.

Além do contrabando, Diguinho e Emerson são denunciados por lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Emerson emplacou o veículo em nome de terceiros para “ocultar a ilicitude da importação”. Além disso, os dois devolveram o carro por duas vezes à Euro Imported Cars para afastar a propriedade de origem ilícita da importação feita por Emerson. Tal conduta evidenciaria a lavagem de dinheiro:

- Os acusados criaram uma cadeia de compra e venda do mesmo veículo artificialmente, de maneira a distanciar o real comprador e destinatário do veículo da importação ilegal. As notas fiscais foram fraudadas, adulteradas, com datas fictícias e dissonantes das datas da efetiva compra, tudo para encobrir as fraudes.

* Colaborou Edgard Maciel de Sá

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