segunda-feira, 25 de junho de 2012

Organizada do Boca chega ao interior e aposta em festa no Pacaembu

Você já ouviu falar que o Brasil inteiro (menos a torcida do Corinthians) vai torcer para o Boca Juniors na final da Taça Libertadores da América? Pois a verdade é que, além dos rivais secando, o Corinthians terá de encarar outra torcida "brasileira" pela frente: a principal organizada do time argentino tem sede em São Paulo e ganhou filial em São José dos Campos (SP). A "La 12 SP" aposta em festa no dia 4 de julho em pleno Pacaembu.
 
- Já fizemos festa no Engenhão, quando o Boca eliminou o Fluminense nas quartas de final. Lembro que os tricolores não entenderam nada. O dia já estava amanhecendo e ainda estávamos cantando e fazendo festa no estádio. Agora é acabar com o sonho do Corinthians. Sei que a Libertadores é o auge para eles, mas não serão campões dessa vez - garante o brasileiro Gustavo Antônio, coordenador da torcida no Vale do Paraíba.

A "La 12 SP" foi oficializada e reconhecida como organizada do Boca Juniors em 9 de julho de 2009, no jogo de despedida do Palestra Itália, em São Paulo, dia em que o Palmeiras perdeu para os argentinos por 2 a 0.
Torcedores do Boca em São José dos Campos (Foto: Arquivo Pessoal) 
Torcedores do Boca Juniors em São José dos Campos
 
O projeto de torcedores brasileiros que amam um time de fora do país é antigo. Mas, em 2007, uma confusão entre gremistas e argentinos fez o projeto ser adiado. Após o problema, a "La 12 SP" passou a exigir dos interessados em fazer parte da torcida um cadastro e assinatura de acordo com o estatuto, além do aval da matriz da organizada, na Argentina.

Mas, por que um jovem de 22 anos, nascido em São José, se apaixonou tanto por um clube da Argentina?

- Não tem família de corintiano com filhos palmeirenses? Às vezes acontece. Comigo o sentimento pelo Boca veio muito da paixão pelo futebol internacional. Na escola a gente não comentava os jogos Brasileirão, do Paulistão, mas sim da Liga dos Campeões e também da Libertadores. Aí ganhei uma camisa do Boca de um tio e na final da Libertadores de 2000 eu tive a certeza: era torcedor do Boca Juniors e de nenhum outro time. Aquela vitória em cima do Palmeiras foi inesquecível e marcou a minha vida - explicou Gustavo.

Se o Corinthians é conhecido por ter um "Bando de Loucos", a torcida do Boca não fica atrás. Eles organizam viagens para a Argentina, decoram as letras dos cantos em espanhol e acompanham o noticiário da equipe através da internet. O fanático Márcio Silva, técnico em mecatrônica, já avisou o chefe: dia 4 de julho tem viagem agendada para o Pacaembu. Apaixonado pelo clube argentino, o joseense é capaz de fazer loucuras pelo time do coração.
Torcedores do Boca em São José dos Campos (Foto: Arquivo Pessoal) 
Brasileiros de São José dos Campos são fanáticos pelo Boca Juniors
 
- Fui assistir Fluminense e Boca Juniors no Engenhão tendo a cara-de-pau de pedir dinheiro pra minha namorada. Quando não consigo fazer a viagem, a melhor saída é assistir ao jogo em um bar de São José dos Campos que reúne os torcedores da La 12. Mas não tem emoção maior do que estar lá, cantar e ser esse décimo segundo jogador em campo - declarou o fanático Márcio, que se reúne no bar "La Boca", em São José dos Campos.

Sobre as comparações Corinthians e Boca Juniors, a torcida "La 12 SP" concorda que o estilo de jogo das equipes é parecido: defesa forte, marcação apertada e aposta no contra-ataque. Porém, para eles, não há comparação entre os dois clubes.

Não tem família de corintiano com filhos palmeirenses? Às vezes acontece. Aquela vitória em cima do Palmeiras (em 2000) foi inesquecível e marcou a minha vida"
Gustavo Antônio, torcedor do Boca
 
- O Boca na Argentina é 'La Mitad Más Uno' (a metade mais um), ou seja, mais da metade do país torce para o mesmo time. O impacto do Boca no país é muito maior que o impacto que o Corinthians consegue causar, até mesmo pelo número de times que temos no Brasil e pelo tamanho dos países. Se dizem que o Brasil para com o Corinthians na final da Libertadores, imaginem então a Argentina com o Boca? Na despedida do Palermo, meu maior ídolo, ele declarou: 'Boca é grande graças a vocês'. A nossa torcida faz mais diferença que qualquer outra - comentou Gustavo Antônio.

A comparação o Pacaembu e a Bombonera também existe. O Pacaembu tem capacidade para receber cerca de 37 mil torcedores, contra 49 mil do estádio do Boca. O detalhe que diferencia os estádios está na estrutura das arquibancadas. A Bombonera deixa os torcedores mais próximos do gramado. A inclinação da arquibancada é maior e até desconfortável.

- O estádio é muito inclinado. Se eu sentar na arquibancada, meu pé bate nas costas do torcedor da fileira debaixo. A cada fileira, tem um corrimão na horizontal para você segurar e não cair pra frente. Isso dá a sensação de que estamos dentro de campo, de que podemos incentivar ainda mais nossos jogadores. E a torcida do Boca só sabe torcer e tem a consciência de que o nosso papel é apoiar. Proporcionar a festa e apoiar. Protesto, vaia, reclamação, isso aí você faz depois do jogo em outro momento - explica Gustavo.

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