Você já ouviu falar que o Brasil inteiro (menos a torcida do
Corinthians) vai torcer para o Boca Juniors na final da Taça
Libertadores da América? Pois a verdade é que, além dos rivais secando, o
Corinthians terá de encarar outra torcida "brasileira" pela frente: a
principal organizada do time argentino tem sede em São Paulo e ganhou
filial em São José dos Campos (SP). A "La 12 SP" aposta em festa no dia 4
de julho em pleno Pacaembu.
- Já fizemos festa no Engenhão, quando o Boca eliminou o Fluminense nas
quartas de final. Lembro que os tricolores não entenderam nada. O dia
já estava amanhecendo e ainda estávamos cantando e fazendo festa no
estádio. Agora é acabar com o sonho do Corinthians. Sei que a
Libertadores é o auge para eles, mas não serão campões dessa vez -
garante o brasileiro Gustavo Antônio, coordenador da torcida no Vale do
Paraíba.
A "La 12 SP" foi oficializada e reconhecida como organizada do Boca
Juniors em 9 de julho de 2009, no jogo de despedida do Palestra Itália,
em São Paulo, dia em que o Palmeiras perdeu para os argentinos por 2 a
0.
Torcedores do Boca Juniors em São José dos Campos
O projeto de torcedores brasileiros que amam um time de fora do país é
antigo. Mas, em 2007, uma confusão entre gremistas e argentinos fez o
projeto ser adiado. Após o problema, a "La 12 SP" passou a exigir dos
interessados em fazer parte da torcida um cadastro e assinatura de
acordo com o estatuto, além do aval da matriz da organizada, na
Argentina.
Mas, por que um jovem de 22 anos, nascido em São José, se apaixonou tanto por um clube da Argentina?
- Não tem família de corintiano com filhos palmeirenses? Às vezes
acontece. Comigo o sentimento pelo Boca veio muito da paixão pelo
futebol internacional. Na escola a gente não comentava os jogos
Brasileirão, do Paulistão, mas sim da Liga dos Campeões e também da
Libertadores. Aí ganhei uma camisa do Boca de um tio e na final da
Libertadores de 2000 eu tive a certeza: era torcedor do Boca Juniors e
de nenhum outro time. Aquela vitória em cima do Palmeiras foi
inesquecível e marcou a minha vida - explicou Gustavo.
Se o Corinthians é conhecido por ter um "Bando de Loucos", a torcida do
Boca não fica atrás. Eles organizam viagens para a Argentina, decoram
as letras dos cantos em espanhol e acompanham o noticiário da equipe
através da internet. O fanático Márcio Silva, técnico em mecatrônica, já
avisou o chefe: dia 4 de julho tem viagem agendada para o Pacaembu.
Apaixonado pelo clube argentino, o joseense é capaz de fazer loucuras
pelo time do coração.
Brasileiros de São José dos Campos são fanáticos pelo Boca Juniors
- Fui assistir Fluminense e Boca Juniors no Engenhão tendo a
cara-de-pau de pedir dinheiro pra minha namorada. Quando não consigo
fazer a viagem, a melhor saída é assistir ao jogo em um bar de São José
dos Campos que reúne os torcedores da La 12. Mas não tem emoção maior do
que estar lá, cantar e ser esse décimo segundo jogador em campo -
declarou o fanático Márcio, que se reúne no bar "La Boca", em São José
dos Campos.
Sobre as comparações Corinthians e Boca Juniors, a torcida "La 12 SP"
concorda que o estilo de jogo das equipes é parecido: defesa forte,
marcação apertada e aposta no contra-ataque. Porém, para eles, não há
comparação entre os dois clubes.
Não tem família de corintiano com filhos palmeirenses? Às vezes
acontece. Aquela vitória em cima do Palmeiras (em 2000) foi inesquecível
e marcou a minha vida"
Gustavo Antônio, torcedor do Boca
- O Boca na Argentina é 'La Mitad Más Uno' (a metade mais um), ou seja,
mais da metade do país torce para o mesmo time. O impacto do Boca no
país é muito maior que o impacto que o Corinthians consegue causar, até
mesmo pelo número de times que temos no Brasil e pelo tamanho dos
países. Se dizem que o Brasil para com o Corinthians na final da
Libertadores, imaginem então a Argentina com o Boca? Na despedida do
Palermo, meu maior ídolo, ele declarou: 'Boca é grande graças a vocês'. A
nossa torcida faz mais diferença que qualquer outra - comentou Gustavo
Antônio.
A comparação o Pacaembu e a Bombonera também existe. O Pacaembu tem
capacidade para receber cerca de 37 mil torcedores, contra 49 mil do
estádio do Boca. O detalhe que diferencia os estádios está na estrutura
das arquibancadas. A Bombonera deixa os torcedores mais próximos do
gramado. A inclinação da arquibancada é maior e até desconfortável.
- O estádio é muito inclinado. Se eu sentar na arquibancada, meu pé
bate nas costas do torcedor da fileira debaixo. A cada fileira, tem um
corrimão na horizontal para você segurar e não cair pra frente. Isso dá a
sensação de que estamos dentro de campo, de que podemos incentivar
ainda mais nossos jogadores. E a torcida do Boca só sabe torcer e tem a
consciência de que o nosso papel é apoiar. Proporcionar a festa e
apoiar. Protesto, vaia, reclamação, isso aí você faz depois do jogo em
outro momento - explica Gustavo.
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