Julio Cesar foi apenas mais uma vítima de uma sina que o Corinthians
carrega nos últimos dez anos. Seja uma contratação de peso, com milhões
investidos, ou apostas cheias de esperança das categorias de base,
nenhum goleiro consegue ter vida longa com a camisa do Timão. Desde que o
ídolo Dida se transferiu para o Milan-ITA, passaram pela posição nada
menos que 14 jogadores.
Muito criticado pela torcida e sacado da equipe pelo técnico Tite
depois de falhar em dois dos três gols da derrota para a Ponte Preta, na
eliminação no Campeonato Paulista, Julio Cesar é também quem usou por
mais tempo a camisa 1 alvinegra. Profissionalizado em 2005, ano da
conquista do Brasileirão, defendeu o clube em 132 oportunidades. Não foi
o bastante.
Julio Cesar foi o 14º goleiro do Timão em dez anos
Assim como ele, outras quatro apostas da diretoria vieram das
categorias de base. Ainda em 2002, meses depois de Dida ir embora com a
conquista da Copa do Brasil, foi a vez de Rubinho, irmão do volante Zé
Elias, ganhar uma oportunidade. Mas durou pouco pela insconstância,
deixando o clube em 2004 após não renovar contrato.
Tiago e Marcelo foram mais dois goleiros que quase simultaneamente não
tiveram força para conquistar a Fiel e a diretoria. O primeiro chegou a
admitir que era palmeirense na infância, gerando ainda mais
desconfiança. Para piorar, foi o titular na goleada por 5 a 1 sofrida
para o São Paulo, em 2005, jogo que derrubou o técnico Daniel
Passarella. Estava “queimado”. O segundo, com atuações apenas regulares,
foi deixado de lado rapidamente.
Mais recentemente, o Corinthians apostou em Rafael Santos, durante a
era Mano Menezes. Apontado pelo treinador como um titular em potencial e
de grande futuro, o jogador chegou a fazer sombra para Julio Cesar. Mas
também não emplacou uma sequência de jogos e, por opção da direção,
disputou o último Paulistão pelo Bragantino para ganhar experiência.
Dificilmente voltará.
O Timão tentou também com os “figurões”. Contratado do Santos, Fábio
Costa viveu o céu com grandes atuações e o inferno por estar acima do
peso e bater de frente com Passarella. Mesmo assim, ainda teve tempo de
ser campeão brasileiro em 2005. Já Sílvio Luiz nem de longe foi o
goleiro que brilhou no período de sucesso do São Caetano. A mesma
situação viveu Johnny Herrera: de ídolo do Universidad do Chile a apenas
mais um no elenco alvinegro.
Dida foi o último goleiro a se firmar no Corinthians, mas acabou indo para o Milan
O Corinthians também virou sua mira para o interior de São Paulo.
Vice-campeão paulista em 2002 pelo Botafogo-SP, Doni sofreu por ser o
herdeiro de Dida. O desempenho ficou bem abaixo do titular anterior e a
torcida não perdoou. Longe do clube, teve bons momentos na Europa,
principalmente no Roma-ITA, chegando à Seleção Brasileira. Já Jean,
ídolo na Ponte Preta e no Guarani, durou menos de quatro meses em 2007.
Contratado ao Bragantino, Felipe foi quem mais esteve perto de ser
ídolo. Apesar do rebaixamento do time em 2007, era um dos poucos
jogadores perdoados pela Fiel. Entretanto, o temperamento impediu um
sucesso ainda maior. O jogador entrou em atrito com a diretoria para
renovar contrato e perdeu parte do carinho vindo das arquibancadas. Em
meio a polêmicas com o presidente Andrés Sanches, foi embora para o
Sporting Braga-POR em 2010.
No ano passado, toda a esperança de ter um grande goleiro esteve nas
mãos de Renan. Mas as boas atuações ficaram no Avaí, em Santa Catarina.
Em três partidas no Corinthians, duas falhas. Mais do que suficiente
para o clube perceber que ele não estava preparado para assumir o posto.
Por isso, acabou emprestado ao Vitória.
A missão agora cabe a Danilo Fernandes ou Cássio. Tite não decidiu quem
escalará contra o Emelec, quarta-feira, no Equador, pelas oitavas da
Taça Libertadores. Ambos, porém, vivem cercados de desconfiança. Um por
nunca ter se destacado muito na base. O outro por ter ficado quase sem
atuar no PSV-HOL por três temporadas. Quem der brecha nos próximos jogos
colocará a diretoria no mercado para contratar mais um goleiro já para o
Campeonato Brasileiro.