Torcida do Corinthians no estádio do Pacaembu
A Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) anunciou na tarde
desta quinta-feira a suspensão da punição ao Corinthians, que não
poderia receber torcida em seus jogos como mandante no estádio do
Pacaembu, pela Taça Libertadores da América. A pena agora se restringe
somente às partidas fora de casa. Por 18 meses, os alvinegros não
poderão assistir aos confrontos como visitantes. O Timão também foi
multado pela entidade em US$ 200 mil (aproximadamente R$ 392 mil). A
informação foi confirmada ao GLOBOESPORTE.COM pelo diretor jurídico do
clube, Luiz Alberto Bussab.
Embora a Fiel agora possa comparecer aos jogos no Pacaembu, a diretoria
do clube não está satisfeita com a Conmebol pela punição imposta nas
partidas fora de casa. Bussab aguardará a chegada do comunicado oficial
da entidade para recorrer. A intenção é que os corintianos também possam
viajar para os confrontos longe do Brasil.
– Não estamos satisfeitos com essa decisão. Assim que chegar a
fundamentação da Conmebol ao Corinthians, vamos recorrer desses 18
meses. Queremos os torcedores em todos os jogos, em casa ou fora –
afirmou, em contato com a reportagem.
Placar eletrônico anuncia público contra o Millonarios, no dia 27
A punição é válida também para jogos em que o Corinthians atue como
visitante dentro do país (em competições organizadas pela Conmebol). Ou
seja, se enfrentar um compatriota nas oitavas de final da Libertadores,
por exemplo, o Timão também não poderá contar com seus torcedores.
Situação igual na Recopa Sul-Americana, que será disputada contra o
rival São Paulo, no segundo semestre deste ano.
Na derrota do Timão por 1 a 0 para o Tijuana, na última quarta-feira,
membros da Camisa 12, segunda maior torcida organizada do clube,
chegaram a estender uma faixa alusiva à uniformizada no estádio
Caliente. Os policiais presentes no local agiram rapidamente e obrigaram
os brasileiros a retirar o artefato, encaminhando-os a outro setor.
A única partida de punição cumprida pelo Corinthians foi a vitória por 2
a 0 sobre o Millonarios, da Colômbia, no dia 27 de fevereiro. Na
oportunidade, quatro torcedores conseguiram uma liminar na justiça
comum, ignoraram a decisão da Conmebol e assistiram ao duelo do setor
das numeradas. Temendo maior represália da entidade, diretores do Timão
pediram que os alvinegros não entrassem no Pacaembu, mas não foram
ouvidos.
Queremos os torcedores em todos os jogos, em casa ou fora"
Luiz Bussab, diretor jurídico do Corinthians
Três delegados da Conmebol participaram do julgamento: Adrián Leiza, do
Uruguai, Orlando Morales, da Colômbia, e Carlos Tapia, do Chile. Os
representantes de Brasil e Bolívia no Comitê Disciplinar foram impedidos
de votar por serem dos países envolvidos no caso.
O clube paulista enviou sua defesa completa ao Comitê na semana passada contendo 16 páginas e algumas provas, como uma carta da Fifa elogiando a postura da torcida alvinegra durante o Mundial de Clubes de 2012, em dezembro, no Japão.
O Corinthians foi punido no último dia 21 de fevereiro, um dia depois
do jogo contra o San José, em Oruro, na Bolívia, pela primeira rodada do
Grupo 5 da Taça Libertadores da América. O empate por 1 a 1 ficou em
segundo plano, já que a partida acabou marcada pela tragédia que
culminou com a morte do jovem boliviano Kevin Espada, de apenas 14 anos.
Momentos após o gol marcado por Guerrero no início da partida, um
sinalizador acendido no espaço destinado aos corintianos no Estádio
Jesús Bermudez atingiu o rosto de Kevin Espada, torcedor do San José.
Ele não resistiu ao ferimento e faleceu.
Após a partida, a polícia local prendeu doze torcedores acusados de
envolvimento no caso. Dois foram indiciados como autores do homicídio e
os demais como cúmplices. Todos continuam presos na Penitenciária de San
Pedro, em Oruro, mesmo após o menor H.A.M., de 17 anos e membro da
torcida Gaviões da Fiel, ter se apresentado em São Paulo como autor do
disparo.
Advogado do Corinthians também envolvido no caso, Luiz Felipe Santoro
explicou que a tragédia envolvendo Kevin não poderia ser de total
responsabilidade do clube. Embora o boliviano tenha sido vitimado por um
sinalizador disparado por um torcedor alvinegro, Santoro argumentou que
o Timão só poderia ser punido por uma irregularidade causada nas
arquibancadas do estádio Jesús Bermúdez, mas não especificamente pela
morte.
– Nós não temíamos uma punição maior por causa da morte. Na linguagem
jurídica, o problema era o fato de um torcedor do Corinthians ter
acendido o sinalizador na arquibancada em Oruro. O clube não teria de
responder pela morte, mas sim os responsáveis pelo acontecimento –
explicou ao Sportv.
Estádio do Pacaembu, vazio na partida entre Corinthians e Millonarios
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