sábado, 16 de março de 2013

Sucessor de Alessandro, Edenílson sonha com vaga e mais títulos

Edenilson Corinthians (Foto: Rodrigo Faber) 
Edenilson mostra na camixa a paixão pelo Corinthians
 
A carreira começou tarde, aos 18 anos de idade. Como tudo em sua vida, de maneira completamente inesperada. Um dia, Edenílson Andrade dos Santos acordou e decidiu abandonar a vida de estudos e o trabalho como office boy na cidade Porto Alegre para ir em busca de um novo sonho: ele queria ser jogador de futebol. Atacante, meio-campista, volante... Passou por quase todas as posições até se tornar, apenas cinco anos depois, lateral-direito e sucessor imediato de Alessandro, capitão do campeonato mundial do Corinthians, conquistado em dezembro do ano passado. Com o dono da posição poupado, Edenílson terá mais uma chance de mostrar serviço neste sábado, contra o União Barbarense, às 18h30m, no Pacaembu, pelo Paulistão.
 
Contratado do Caxias, onde chegou após rápida passagem pelo Guarani de Venâncio Aires, do Rio Grande do Sul, Edenílson quis evitar a desconfiança desde que desembarcou em São Paulo para jogar no Corinthians. Colocou-se à disposição do técnico Tite para cumprir qualquer função tática no campo. Ganhou não só espaço na equipe, mas também a fama de “curinga”: sua missão se tornou suprir qualquer demanda que a equipe encontrasse.

- O Tite sabe o quanto é difícil passar pelo que passei no Sul. Quando eu cheguei, falei que estava aqui para ajudar a equipe no que precisasse. Ele sempre optou por me usar onde o Corinthians encontrava necessidade. Esse ano, juntamente com ele, decidi em me fixar na lateral direita. Acima de tudo, temos nos entendido bem - afirmou, em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM.

Do Campeonato Brasileiro da Série C, que disputava pelo Caxias, Edenílson acabou na Taça Libertadores da América. Das oito primeiras partidas do Timão na competição continental, o lateral disputou sete como titular. Uma fratura no quinto metatarso do pé direito na vitória por 3 a 0 sobre o Emelec, do Equador, no jogo de volta das oitavas de final, o tirou da equipe pelo restante do torneio. Submetido a uma cirurgia, o atleta precisou ficar 60 dias afastado.

Edenílson havia entrado justamente no lugar de Alessandro, à época contundido. As atuações agradaram ao técnico Tite, que o manteve entre os titulares na sequência. Com a lesão, acabou perdendo posição para o homem que levantaria a inédita Libertadores como capitão alvinegro. Fato que o deixa ainda mais motivado para continuar trabalhando, suceder o atual dono da posição e conquistar títulos também como titular.

- Aquela lesão veio no pior momento possível. Podia ter vindo quando eu não estava jogando, em diversas outras oportunidades, mas aconteceu justamente quando eu estava no time. Era o meu melhor momento no Corinthians - lamentou.

- Eu ganhei os títulos, mas não estava jogando. Estava no grupo, entrando em alguns jogos, mas queria ter participado mais. Minha ambição é essa: ganhar títulos jogando.

Agora quero ser campeão jogando"
Edenilson
 
O convívio com Alessandro se tornou um aprendizado diário. Amigo muito próximo dos volantes Ralf (com quem divide o quarto na concentração) e Paulinho (seu padrinho de casamento, assim como o meia Danilo), Edenílson tem o lateral-direito de 34 anos como um exemplo dentro do elenco corintiano. Não só pelos títulos conquistados, mas pela postura.

– O Alessandro é um ícone, um cara que merece todo o respeito, não só da gente, mas de toda a torcida e de todo mundo que trabalha no clube. Nunca faltou com respeito a ninguém aqui dentro. Eu procuro me espelhar em gente como ele para também ter uma carreira brilhante.

Bem-humorado, Edenílson raramente não está com um sorriso estampado no rosto. É uma das figuras mais descontraídas do CT Joaquim Grava. Não somente por estar satisfeito com a ascensão “relâmpago” em sua carreira, mas também com a atual situação. Utilizado constantemente por Tite, Edenílson assegura que não tem a Europa como meta profissional. O lateral discorda que campeonatos como o Espanhol e o Inglês estejam acima do Brasileiro. Muito pelo contrário.

Os principais argumentos de Edenílson são o título mundial do Corinthians e o retorno de jogadores renomados, como Alexandre Pato, contratado do Milan por R$ 40 milhões, ao futebol nacional. Para o jogador, a estrutura encontrada no Timão e a força do elenco, conhecido em larga escala internacional após a taça levantada em dezembro do ano passado, no Japão, colocam seu atual clube no mesmo nível e até acima de muitos europeus.

- A Europa já foi mais pretendida pelos jogadores. Hoje em dia, o Brasil se igualou muito, tanto no aspecto financeiro quanto na questão dos objetivos pessoais. Primeiramente eu quero buscar a titularidade no Corinthians. Tudo aconteceu na minha vida sem rumo certo, prefiro que as coisas aconteçam de maneira natural – explicou.

Nem mesmo a pressão exercida pela torcida desanima o lateral. Contratado apenas três meses após a eliminação mais vexatória da história do Corinthians na Taça Libertadores da Américade 2011, para o Deportes Tolima, da Colômbia, ainda na fase preliminar, Edenílson chegou ao clube em um momento de efervescência. Hoje, três títulos depois, recorda o episódio com bom humor, mas ainda demonstra repúdio por toda espécie de violência aos jogadores de futebol.

- Quando eu cheguei o pessoal estava todo comentando sobre isso. Logo pensei: “Vai ser difícil o negócio aqui”. (risos) A torcida não é assim. No estádio, vale cobrar, porque você paga o ingresso e tem o direito de ter opinião. Qualquer tipo de agressão não faz mais parte do futebol, deve ser resolvido de outro jeito.

A identificação do lateral com a Fiel foi natural. Mesmo desconhecido pelos torcedores inicialmente, o jogador disse logo em sua entrevista de apresentação que seu objetivo era “cair nas graças” dos alvinegros. Com 79 jogos pelo clube, três gols marcados e contrato até o fim de 2014, Edenílson cumpriu parte de sua missão, mas quer mais.

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