Edenilson mostra na camixa a paixão pelo Corinthians
A carreira começou tarde, aos 18 anos de idade. Como tudo em sua vida, de maneira completamente inesperada. Um dia, Edenílson
Andrade dos Santos acordou e decidiu abandonar a vida de estudos e o
trabalho como office boy na cidade Porto Alegre para ir em busca de um
novo sonho: ele queria ser jogador de futebol. Atacante, meio-campista,
volante... Passou por quase todas as posições até se tornar, apenas
cinco anos depois, lateral-direito e sucessor imediato de Alessandro,
capitão do campeonato mundial do Corinthians, conquistado em dezembro do
ano passado. Com o dono da posição poupado, Edenílson terá mais uma
chance de mostrar serviço neste sábado, contra o União Barbarense, às
18h30m, no Pacaembu, pelo Paulistão.
Contratado do Caxias, onde chegou após rápida passagem pelo Guarani de
Venâncio Aires, do Rio Grande do Sul, Edenílson quis evitar a
desconfiança desde que desembarcou em São Paulo para jogar no
Corinthians. Colocou-se à disposição do técnico Tite para cumprir
qualquer função tática no campo. Ganhou não só espaço na equipe, mas
também a fama de “curinga”: sua missão se tornou suprir qualquer demanda
que a equipe encontrasse.
- O Tite sabe o quanto é difícil passar pelo que passei no Sul. Quando
eu cheguei, falei que estava aqui para ajudar a equipe no que
precisasse. Ele sempre optou por me usar onde o Corinthians encontrava
necessidade. Esse ano, juntamente com ele, decidi em me fixar na lateral
direita. Acima de tudo, temos nos entendido bem - afirmou, em
entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM.
Do Campeonato Brasileiro da Série C, que disputava pelo Caxias,
Edenílson acabou na Taça Libertadores da América. Das oito primeiras
partidas do Timão na competição continental, o lateral disputou sete
como titular. Uma fratura no quinto metatarso do pé direito na vitória
por 3 a 0 sobre o Emelec, do Equador, no jogo de volta das oitavas de
final, o tirou da equipe pelo restante do torneio. Submetido a uma
cirurgia, o atleta precisou ficar 60 dias afastado.
Edenílson havia entrado justamente no lugar de Alessandro, à época
contundido. As atuações agradaram ao técnico Tite, que o manteve entre
os titulares na sequência. Com a lesão, acabou perdendo posição para o
homem que levantaria a inédita Libertadores como capitão alvinegro. Fato
que o deixa ainda mais motivado para continuar trabalhando, suceder o
atual dono da posição e conquistar títulos também como titular.
- Aquela lesão veio no pior momento possível. Podia ter vindo quando eu
não estava jogando, em diversas outras oportunidades, mas aconteceu
justamente quando eu estava no time. Era o meu melhor momento no
Corinthians - lamentou.
- Eu ganhei os títulos, mas não estava jogando. Estava no grupo,
entrando em alguns jogos, mas queria ter participado mais. Minha ambição
é essa: ganhar títulos jogando.
Agora quero ser campeão jogando"
Edenilson
O convívio com Alessandro se tornou um aprendizado diário. Amigo muito
próximo dos volantes Ralf (com quem divide o quarto na concentração) e
Paulinho (seu padrinho de casamento, assim como o meia Danilo),
Edenílson tem o lateral-direito de 34 anos como um exemplo dentro do
elenco corintiano. Não só pelos títulos conquistados, mas pela postura.
– O Alessandro é um ícone, um cara que merece todo o respeito, não só
da gente, mas de toda a torcida e de todo mundo que trabalha no clube.
Nunca faltou com respeito a ninguém aqui dentro. Eu procuro me espelhar
em gente como ele para também ter uma carreira brilhante.
Bem-humorado, Edenílson raramente não está com um sorriso estampado no
rosto. É uma das figuras mais descontraídas do CT Joaquim Grava. Não
somente por estar satisfeito com a ascensão “relâmpago” em sua carreira,
mas também com a atual situação. Utilizado constantemente por Tite,
Edenílson assegura que não tem a Europa como meta profissional. O
lateral discorda que campeonatos como o Espanhol e o Inglês estejam
acima do Brasileiro. Muito pelo contrário.
Os principais argumentos de Edenílson são o título mundial do
Corinthians e o retorno de jogadores renomados, como Alexandre Pato,
contratado do Milan por R$ 40 milhões, ao futebol nacional. Para o
jogador, a estrutura encontrada no Timão e a força do elenco, conhecido
em larga escala internacional após a taça levantada em dezembro do ano
passado, no Japão, colocam seu atual clube no mesmo nível e até acima de
muitos europeus.
- A Europa já foi mais pretendida pelos jogadores. Hoje em dia, o
Brasil se igualou muito, tanto no aspecto financeiro quanto na questão
dos objetivos pessoais. Primeiramente eu quero buscar a titularidade no
Corinthians. Tudo aconteceu na minha vida sem rumo certo, prefiro que as
coisas aconteçam de maneira natural – explicou.
Nem mesmo a pressão exercida pela torcida desanima o lateral.
Contratado apenas três meses após a eliminação mais vexatória da
história do Corinthians na Taça Libertadores da Américade 2011, para o
Deportes Tolima, da Colômbia, ainda na fase preliminar, Edenílson chegou
ao clube em um momento de efervescência. Hoje, três títulos depois,
recorda o episódio com bom humor, mas ainda demonstra repúdio por toda
espécie de violência aos jogadores de futebol.
- Quando eu cheguei o pessoal estava todo comentando sobre isso. Logo
pensei: “Vai ser difícil o negócio aqui”. (risos) A torcida não é assim.
No estádio, vale cobrar, porque você paga o ingresso e tem o direito de
ter opinião. Qualquer tipo de agressão não faz mais parte do futebol,
deve ser resolvido de outro jeito.
A identificação do lateral com a Fiel foi natural. Mesmo desconhecido
pelos torcedores inicialmente, o jogador disse logo em sua entrevista de
apresentação que seu objetivo era “cair nas graças” dos alvinegros. Com
79 jogos pelo clube, três gols marcados e contrato até o fim de 2014,
Edenílson cumpriu parte de sua missão, mas quer mais.
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