Não é balela dizer que as coisas costumam se equilibrar em grandes
clássicos, ainda mais quando Corinthians e São Paulo se enfrentam. No
duelo entre a equipe tranquila e a que atravessa uma das maiores crises
de sua história, o placar terminou zerado. Neste domingo, o Pacaembu
recebeu um clássico de poucas emoções, que frustrou os mais de 33 mil
pagantes. Apesar do empate, o Tricolor tem mais motivos para lamentar:
vai terminar a nona rodada do Campeonato Brasileiro na zona de
rebaixamento, em 18º lugar, com apenas nove pontos. Além disso, vive a
maior sequência sem vitórias de sua história: agora são 12 jogos
consecutivos sem festejar um placar favorável.
O Corinthians também não está em situação tão boa na tabela do
Campeonato Brasileiro, mas sabia que o clássico seria duro, disputado,
difícil. E foi. O Timão comandou as ações, criou chances, mas parou na
forte marcação são-paulina. A equipe de Tite soma 11 pontos, em 11º
lugar, ainda está longe de objetivos maiores na competição.
O Tricolor acumulou compromissos porque viaja nesta segunda-feira para a
Alemanha, onde enfrenta o Bayern de Munique pela Copa Audi, em uma
viagem que terá passagens por Portugal e Japão. Já o Corinthians
continua sua saga no Brasileiro contra o Grêmio, quarta-feira, no
Pacaembu.
Agito só fora de campo
A má fase do São Paulo motivou os torcedores corintianos que lotaram o
Pacaembu. Faixas provocativas, gritos e até um balão com os dizeres
“eterno freguês” fizeram parte do cenário do primeiro tempo. Em campo,
porém, o clima foi bem mais ameno e preguiçoso.
Um Corinthians em melhor fase e com jogadores mais entrosados dominou
as ações no gramado, mas sem se impor de verdade. O toque de bola
refinado dos alvinegros até envolveu a reconstruída defesa são-paulina,
que teve Paulo Miranda no lugar do barrado Lúcio. No entanto, só duas
chances mais agudas foram criadas, com Romarinho e Guilherme, após boas
trocas de passes no meio-campo. O atacante mandou para fora, e o volante
viu Rogério Ceni espalmar seu chute.
Em crise, o São Paulo marcou muito e só deu o primeiro chute a gol
quase nos acréscimos, com Wellington, que pegou mal na bola e mandou
para fora. Ademilson não conseguiu se adaptar no ataque, enquanto
Osvaldo foi vigiado de perto pelos laterais corintianos e pegou pouco na
bola.
No banco de reservas, a grande diferença entre um rival motivado e
outro abatido. Tite se movimentou, gesticulou e orientou seus jogadores
em diversos momentos. Perto dali, Paulo Autuori passou a maior parte do
tempo sentado, observando o nível técnico decepcionante dos primeiros 45
minutos no Pacaembu.
Clima esquenta, mas zero permanece
Tite percebeu que o jogo se arrastava e que o São Paulo não faria tanto
esforço para mudar o panorama. O técnico do Corinthians olhou para o
banco, chamou Renato Augusto e Alexandre Pato, e, aí sim, viu seu time
imprimir um ritmo mais forte para buscar a vitória. Pato mostrou
dinâmica, mas perdeu um gol na cara de Rogério Ceni.
O Tricolor se soltou apenas nos contra-ataques, e quando o apagado
Ademilson deu lugar a Roni, mais ligado no jogo. Com os dois rivais mais
atirados, o clima esquentou. Guerrero se desentendeu com Paulo Miranda,
enquanto Pato travou disputa particular com Rogério Ceni nas reposições
de bola do goleiro são-paulino.
A iniciativa era do Corinthians. E a bola rondou muito a área do São
Paulo na parte final do jogo. Cabeçada de Pato, chute de Renato Augusto,
drible seco de Douglas em Reinaldo, e vários gritos de “Uhhh” vindos
das arquibancadas. A falta de pontaria e a tarde segura de Rogério Ceni
mantiveram o zero no placar. Um zero também para o duelo de poucas
emoções no Pacaembu.
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