Emerson Sheik é um brincalhão nato. Encara o futebol com bom humor e
irreverência. Principalmente nos clássicos. Fã de partidas decisivas, o
atacante do Corinthians adora provocar os rivais. Mas isso nem sempre
lhe traz alegrias. Recentemente, ele teve de contratar seguranças após
algumas ameaças de torcedores do Palmeiras, irritados com o caso da “formiguinha”.
– Já fui ameaçado por algumas brincadeiras que fiz, como na época da
formiguinha, com o Palmeiras. Recebi muitas ameaças e tive de andar com
segurança. Graças a Deus não fizeram nada comigo. Enfim, não estava em
nenhum momento agredindo ou desrespeitando o clube ou os atletas, estava
só brincando. Essa é a magia do futebol. Só que ninguém entendeu – diz
Sheik.
Emerson Sheik curte tarde de folga em casa
No ano passado, em setembro, Emerson estava suspenso de um clássico com
o Palmeiras. De casa, ele assistia à vitória por 2 a 0 do Timão sobre o
rival, que lutava contra o rebaixamento. Foi quando ele postou no
Twitter a seguinte mensagem: “Que dó, que dó da formiguinha”. Era uma
alusão a um vídeo que fez sucesso na internet de uma criança que chorava
a morte de uma formiga.
Mais adiante, em novembro, quando foi consumada a queda do Palmeiras à Segunda Divisão do futebol brasileiro, o atacante do Corinthians repetiu a piada.
Hoje sou atleta, mas também já fui torcedor. Eu via Edmundo,
Marcelinho, Paulo Nunes, Renato Gaúcho... caras que faziam brincadeiras,
zoeiras, algo que sempre achei bacana. Hoje, perdemos um pouco disso"
Emerson Sheik
– Vejo diretores e treinadores bloqueando tudo isso. Mas não acredito
que esse tipo de brincadeira pode levar violência para dentro do campo –
diz Emerson, que na semana passada, antes de ir para coletiva no CT do
Corinthians, foi orientado pelo técnico Tite a não exagerar nas
polêmicas. Até porque o jogo seguinte era o clássico com o São Paulo (0 a
0 no estádio do Pacaembu).
Mas Sheik não consegue se controlar, como ele mesmo diz. Gosta de falar
o que pensa e de encarar sua profissão com bom humor. Ele se inspira em
seus ídolos da época de arquibancada.
– Hoje eu sou atleta, mas também já fui torcedor. Eu via Edmundo,
Marcelinho Carioca, Paulo Nunes, Renato Gaúcho... Caras que faziam
brincadeiras, zoeiras, algo que sempre achei bacana. Cresci vendo esses
caras e acho que a essência do futebol é exatamente essa. Hoje perdemos
um pouco disso – comenta o atacante.
Quase sempre sorridente e irônico, Emerson não gosta de ficar calado.
Muito menos de perder a chance de uma piada. Só que cada vez mais ele se
sente sozinho nessa missão de fugir do senso comum, de dar às partidas
um ar mais provocativo, sempre na base da brincadeira e da ironia.
– É difícil achar algum atleta que faça esse tipo de brincadeiras hoje
em dia. Estou me sentindo muito sozinho (risos). Mas eu sou muito
criticado por isso. As pessoas levam para um lado pejorativo. Nunca
entendem como brincadeira, mas sempre como ofensa. E não é. O torcedor
gosta de ver os atletas brincando – opina.
Aos 34 anos, Emerson renovou recentemente seu contrato com o
Corinthians até julho de 2015. Até lá, espera “doutrinar” provocadores
para sucedê-lo.
– Espero que o futebol não fique mais chato depois que eu me aposentar,
porque ainda quero estar no meio, participar de algum jeito que ainda
não sei. É o que gosto de fazer. Espero que essa garotada possa se
espelhar nos jogadores que citei do passado, e em mim no presente, para
que essa magia continue – diz Sheik.
O atacante do Timão ainda não sabe se vai encerrar a carreira depois
desse contrato. Talvez fique mais uns anos por aí, provocando e
ironizando, como gosta.
Sheik posa ao lado de quadro feito por torcedor: macaca Cuta é de estimação
Nenhum comentário:
Postar um comentário