Quarteto de corintianos entrou no Pacaembu por causa de liminares
Presidente do Tribunal de Disciplina da Conmebol, o brasileiro Caio
Rocha acredita que o argumento utilizado por torcedores do Corinthians
para conseguir liminares na Justiça para entrar no Pacaembu, durante o
jogo da última quarta-feira, não é válido. O clube brasileiro havia sido
punido cautelarmente e teria de jogar contra o Millonarios com portões
fechados. No entanto, quatro torcedores, embasados por decisões obtidas
na Justiça, viram o jogo dentro do estádio.
- No meu entendimento, não há ofensa alguma ao direito do consumidor a
partir do momento que o Corinthians se proponha a devolver o valor do
ingresso. Um consumidor pode comprar ingresso para um show que pode ser
cancelado, o artista pode ter um problema de saúde, e o dinheiro ser
devolvido. Acontece toda hora. Quando se compra um ingresso, está
sujeito a situações do futebol, e uma delas é um clube ser punido e não
haver o evento. Uma outra coisa seria se o ingresso tivesse sido vendido
depois da punição. Os torcedores poderiam entrar com perdas e danos,
pois seriam induzidos a comprar o produto que não poderia ser
comercializado. Mas não foi o caso. Existe uma série de obrigações
relacionadas à regra do esporte que não pode estar sendo misturada (ao
direito do consumidor), no meu entendimento - declarou Caio Rocha.
O presidente do Tribunal de Disciplina da Conmebol não entrou no mérito
sobre a possibilidade de o Corinthians sofrer alguma nova sanção por
conta da presença dos torcedores no Pacaembu. Há a possibilidade, porém,
que ao menos um novo processo disciplinar seja aberto contra o Timão
para apurar sua real parcela de participação, ou mesmo sua omissão, no
que diz respeito à entrada do quarteto no estádio.
Para Luiz Felipe Santoro, advogado do Corinthians, a postura do clube
foi totalmente compatível com o que ordenou a punição da Conmebol
- Eu acredito que o Corinthians não vá ser punido justamente porque ele
tomou todas as providências que estavam ao alcance. Conseguiu persuadir
dois a não entrarem, deixou bem clara a posição para a Polícia Militar.
O Corinthians levou ao conhecimento da Conmebol que pelo clube eles não
entrariam, e a PM falou que precisava dar cumprimento ao ofício, o que
ela tinha que fazer mesmo - disse Santoro.
Santoro acha que, para evitar situações conflitantes no futuro, é preciso tentar chegar a um ponto comum.
- A gente tem que encontrar uma forma de compatibilizar uma norma de
legislação nacional com as normas esportivas internacionais. Para esse
caso, o Corinthians não descumpriu decisão nenhuma, não foi o
Corinthians que colocou os torcedores para dentro.
E com a expectativa que o julgamento da Conmebol por conta da morte do
jovem Kevin, na Bolívia, aconteça em até duas semanas, o advogado do
Corinthians se diz confiante.
- Acredito que o julgamento vá ocorrer antes do jogo de 13 de março
(contra o Tijuana, no Pacaembu). Se a decisão for jurídica, eu acredito
que já para o próximo jogo o Corinthians consiga reverter a punição. Se
não for jurídica, fica muito difícil para um advogado comentar -
encerrou.
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