Tite em ação contra o Botafogo
A entrevista coletiva do técnico Tite após a derrota por 1 a 0 para o
Botafogo, nesta quarta-feira, deixou claro que o momento do comandante
não é dos melhores no cargo. Frustrado com o gol da vitória do time
carioca, marcado aos 44 minutos do segundo tempo, ele demorou tempo além
do normal para se dirigir à sala de imprensa do Maracanã. Abalado pelo
mau resultado - foi o terceiro jogo seguido do Corinthians sem vitória
-, o técnico desabafou.
– Demorei porque estava orando para ficar equilibrado. O time perde o
jogo no fim do segundo tempo... Eu sou humano também – disse.
Tite ouviu da direção que a vaga na Libertadores
'é o objetivo mínimo'
Toda a animação construída após a goleada por 4 a 0 sobre o Flamengo,
no dia 1° de setembro, aniversário de 103 anos do Corinthians,
transformou-se em indignação da torcida em dez dias. Após a derrota por 1
a 0 para o Internacional, em Novo Hamburgo, o Timão, no jogo seguinte,
ficou no empate sem gols com o lanterna Náutico, no Pacaembu, e ouviu
vaias da Fiel. Fato que não acontecia há algum tempo.
Antes mesmo da derrota para o Botafogo, nesta quarta, Tite se reuniu
com o presidente Mário Gobbi e ouviu dele qual o objetivo mínimo do
Corinthians para o segundo semestre: uma vaga na próxima edição da Taça
Libertadores da América. Ficar sem disputar a competição continental no
ano em que inaugurará seu estádio e no qual o Brasil receberá a Copa do
Mundo seria um grande fracasso nos planos traçados pela diretoria.
O técnico tem habilidade para lidar com momentos difíceis. Resistiu à
eliminação para o Tolima, em 2011, na fase preliminar da Libertadores,
quando muitos torcedores pediram sua demissão ao então presidente Andrés
Sanches. Bancado, Tite levou o Timão ao título inédito da América no
ano seguinte e caiu nas graças da Fiel de uma vez por todas. Hoje, a
apenas seis jogos de se tornar o segundo treinador com mais jogos à
frente do Corinthians (o primeiro é Oswaldo Brandão, com 440 partidas,
183 a mais que Tite), vive momento delicado.
Tanto os responsáveis pelo futebol do Timão (os diretores Roberto de
Andrade e Duílio Monteiro Alves, além do gerente Edu Gaspar), bem como
Mário Gobbi, ainda não se pronunciaram sobre uma possível renovação de
contrato de Tite, cujo vínculo com o Corinthians se encerra em dezembro
deste ano. O próprio técnico também disse ter muito tempo até o fim do
ano para negociar com os dirigentes.
Embora tenha o elenco alvinegro "nas mãos", já que é respeitado por
todos os jogadores, que costumam exaltar seu "senso de justiça", Tite
evita falar em "família" ao tratar sobre sua equipe. Atrapalhado por uma
série de lesões de jogadores essenciais ao seu esquema tático, como o
volante Guilherme e o meia Renato Augusto, o técnico acredita que não
tenha conseguido se firmar no segundo semestre por conta do grande
número de alterações que foi obrigado a fazer.
– Eu não falo que o Corinthians é do Tite. Eu não fui campeão mundial
sozinho, sou apenas uma peça integrante. E também não gosto de falar em
família, porque o Corinthians não é de ninguém, só dele mesmo. É difícil
tratar em condicional, mas se tivéssemos a manutenção da equipe, sem
tantos problemas... Isso acabou atrapalhando muito – disse Tite.
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