quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Após recursos, Vasco e Timão são punidos com quatro perdas de mando

Julgamento STJD - Vasco x Corinthians (Foto: Globoesporte) 
Schmitt e Zveiter, procurador geral e presidente do STJD, respectivamente 
 
Vasco e Corinthians não terão mais de jogar com portões fechados no Campeonato Brasileiro. Porém, as equipes terão de fazer mais partidas longe de casa. Serão quatro rodadas com mando de campo realizadas a mais de 100 km de suas respectivas cidades, em locais a serem determinados pela CBF. Este foi o resultado do julgamento dos recursos de ambos os clubes, cujos torcedores brigaram nas arquibancadas do Estádio Mané Garrincha, no empate em 1 a 1, no dia 11 de agosto. Realizado na tarde desta quinta-feira, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Pleno foi comandado por seu presidente Flávio Zveiter.

As multas de R$ 50 mil, para o clube carioca, e R$ 80 mil, para o paulista, foram mantidas, por outro lado. Os envolvidos foram inicialmente punidos com dois jogos sem venda de ingresso e outros dois apenas com torcida visitante presente, mas sem deixar seus estádios. A decisão foi inédita no país e usou precedente internacional, o que causou revolta nos advogados. Dias depois, tiveram concedido efeito suspensivo e a pena foi reduzida para duas partidas com portões fechados. Agora, foi batido o martelo com nova modificação.

Assim, o Vasco só poderá voltar a jogar em São Januário ou no Maracanã na 32ª rodada, contra o Coritiba, no dia 3 de novembro. Já o Corinthians retorna ao Pacaembu um pouco depois: na 33ª, contra o Fluminense, no dia 10 do mesmo mês. Pela Copa do Brasil, no entanto, os ganchos não valem. Contra Goiás e Grêmio, respectivamente, pelas quartas de final, poderão usar seus estádios e terão o apoio da torcida.

A situação surge na pior fase de ambos no Campeonato Brasileiro. Na zona de rebaixamento, o time de Dorival Júnior perdeu as últimas três partidas, enquanto o de Tite foi derrotado em quatro dos últimos cinco, embora ainda esteja em sétimo lugar. Entre a noite de quarta e esta manhã, torcedores de ambos protestaram muito contra o desempenho em campo e também contra as diretorias. Ironicamente, o contato será espaçado agora.

O diretor jurídico Gustavo Pinheiro representou o Cruz-Maltino e alegou na defesa que o clube fez o que estava em sua alçada para coibir a violência. Segundo ele, não existiu fato grave praticado pela instituição, e o pedido foi de absolvição. O advogado do Corinthians foi João Zanforlin, que começou dizendo nunca ter visto nada tão absurdo como os primeiros julgamentos do caso, citando penas que não existem e foram aplicadas. Ele não pediu absolvição e disse que se contentava em não mais ser punido com jogos a portões fechados.
ricardo gomes e gustavo pinheiro Julgamento STJD Vasco e Corinthians (Foto: Globoesporte.com) 
Gustavo Pinheiro e Ricardo Gomes, diretores de futebol e jurídico do Vasco
 
Paulo César Salomão foi o auditor-relator do processo e, em extensos argumentos, votou por excluir a pena de portões fechados, mantendo as multas e optando pela punição de quatro perdas de mando. Os auditores Miguel Cançado e Alexander dos Santos acompanharam. Ronaldo Botelho votou da mesma forma para o Corinthians, mas pediu para que a punição ao Vasco fosse de três partidas. Salomão voltou atrás e também diminuiu a pena vascaína. O voto de Zveiter foi divergente: tratando o caso como excepcional, preferiu por jogos sem torcida. Mesmo sendo voto vencido, decidiu que os ganchos fossem iguais para as duas instituições.

Vídeos do ocorrido no Distrito Federal, em partida válida pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro, foram exibidos no STJD. Ricardo Gomes, diretor do clube carioca, esteve presente no local e foi mencionado por todos os auditores, que rasgaram elogios a sua índole ao longo do julgamento. Satisfeito com o resultado, Gomes agradeceu o carinho.

No nosso momento, é impossível jogar com portões fechados. Isso seria muito pior. O apoio da nossa torcida será muito importante. Por isso vim aqui, o momento não é fácil, e sem a torcida seria impossível"
Ricardo Gomes
 
- Fiquei contente com a decisão. Só posso agradecer mais uma vez às homenagens recebidas no tribunal. No nosso momento, é impossível jogar com portões fechados. Isso seria muito pior. O apoio da nossa torcida será muito importante. Por isso vim aqui, o momento não é fácil, e sem a torcida seria impossível.

Zanforlin explicou que oficialmente os clubes não darão mais suporte às organizadas, através de medida apressada pela gravidade do caso envolvendo Vasco e Corinthians.

- Em São Paulo está sendo assinado o Termo de Ajuste de Comportamento com o Ministério Público, dizendo o seguinte: nós não ajudamos, não damos nada para a torcida. Nem ônibus, nem ingresso. E o clube oficialmente diz que ele não ajuda torcida nenhuma. Até porque o faturamento que a Gaviões da Fiel tem hoje, tem muita empresa aí que não consegue ter.

* Texto de Thiago Benevenutte, estagiário, sob a supervisão de André Casado

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