
Mario Gobbi se revolta e dispara contra justiça boliviana
A vitória sobre o São Paulo não aliviou a ira do presidente Mário
Gobbi. Na saída da delegação corintiana do Morumbi, o dirigente fez um
discurso inflamado contra a prisão de 12 torcedores alvinegros em Oruro,
cidade onde o adolescente boliviano Kevin Espada morreu, vítima de um
sinalizador disparado de onde estava a torcida do Timão no empate por 1 a
1 contra o San José, pela Libertadores. Com um botão da camisa aberta, o
rosto vermelho, suado e aos berros, Gobbi classificou a prisão dos 12
homens como sequestro, e disse que se trata de uma brutalidade pior do
que a morte de Kevin.
Na próxima quarta-feira, dia em que o Corinthians enfrentará o
Millonarios pela Libertadores, Gobbi irá a Brasília e terá uma conversa
com o ministro das relações exteriores Antonio Patriota. O presidente
diz que não tem conseguido dormir em razão da situação dos torcedores.
– Isso é uma nojeira tão grande, que se eu não for até lá, vou ficar
com nojo de mim mesmo. Não durmo de saber dessa brutalidade, que é maior
até do que a morte do Kevin. Estão querendo pagar a morte do Kevin
sequestrando pessoas inocentes. Não se paga um crime cometendo outro
crime! Isso acontecia na ditadura deste país – disparou Gobbi.
No dia da morte do adolescente, 20 de fevereiro, 12 torcedores foram
presos em Oruro, e até hoje continuam numa penitenciária em Oruro. Na
semana seguinte, um menor de 17 anos se apresentou, em São Paulo, como
autor do disparo do sinalizador. A confissão, entretanto, não surtiu
efeito no momento. O jovem está solto, e os outros corintianos
permaneceram presos.
Não durmo de saber dessa brutalidade, que é maior até do que a morte
do Kevin. Estão querendo pagar a morte do Kevin sequestrando pessoas
inocentes"
Mario Gobbi, sobre a prisão dos corintianos
– Quem matou o Kevin? Eu também quero saber! Vocês condenaram, deram a
pena. Quer dizer que para disparar um sinalizador é preciso 12 mãos? Os
12 soltaram? Ninguém tem prova nenhuma, se tem prova denuncia, aí tem
processo. Eu é que quero saber quem matou o Kevin – gritou Gobbi no
corredor de acesso do vestiário do visitante para o saguão do Morumbi.
A ira de Gobbi foi despertada por uma pergunta sobre a culpa do
Corinthians no que ocorreu em Oruro. Revoltado, ele afirmou que o clube
não ajuda as torcidas organizadas a excursionarem para acompanharem os
jogos da equipe, e disse que o Timão não pode ser responsabilizado pelos
atos de seus torcedores.
– Quer dizer que sou o responsável por 35 mil corintianos no Pacaembu?
Vocês estão loucos! Eu disse isso e me condenaram, me lincharam.
Disseram que sou a favor das organizadas. Não é porque tem bandidos que
todos são bandidos. Eu sou delegado de polícia e posso afirmar que em
todas as carreiras existe um monte de bandidos – afirmou o presidente,
que confirmou a tentativa de ajudar a família do menino falecido.
– O jogo da seleção brasileira contra a Bolívia (no próximo sábado) faz parte disso. A família dele merece todo nosso respeito.
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