terça-feira, 28 de junho de 2011

Atacante da base do Corinthians é "vigiado" por Barça e Milan


Foto: Arquivo Pessoal
 
Matheus passou por período de treinos no Milan, que acompanha seu desenvolvimento
Matheus tem 17 anos, completa 18 em setembro, e não partilha da história comum da maioria dos jogadores de futebol. Estudou a vida toda em escolas particulares, vem de uma família de classe média de Salvador, e nem mesmo os convites precoces para treinar na Europa deslumbram o rapaz. O atacante da base do Corinthians, com 1.85m e cerca de 83kg, já chamou atenção de clubes como Milan e Barcelona, mas preferiu primeiro consolidar sua carreira no Brasil, para depois pensar em jogar no exterior. Nada disso facilita sua vida no Parque São Jorge. O seu técnico, Zé Augusto, porém, ressalta que é preciso ter os pés no chão:

“É um jogador de área, está esperando a oportunidade dele, é um menino bom, gosta de trabalhar. Tem mais três jogadores de área e procuro olhado quem está no melhor momento. Ele está jogando pouco, é verdade”, explicou o treinador dos juniores, antes de dar a dica para Matheus. “Precisa finalizar melhor, mas marca presença. Talvez pela quantidade de jogadores que temos aqui, ele não encontra uma sequência. Na hora que aparecer a oportunidade tem de marcar. Qual o treinador que não quer um cara que faça gol? Se arrebentar, não tem como tirar”.

 
Foto: Arquivo Pessoal
 
Matheus chegou a ganhar torneio na Fiorentina, da Itália
O atacante conta ser conhecido como “Baibra”, mistura de baiano com Ibrahimovic, atleta com quem mais se assemelha em campo, de acordo com os autores do apelido, seus companheiros nos juniores do time paulista. "Fiquei um pouco deslumbrado no começo", confessou Matheus. "Mas quando apareceu a chance no Corinthians, que para mim é o maior clube no Brasil, não pensei duas vezes. Já fiz alguns treinos no profissional, mas subir de vez ainda não tem previsão. Quero ficar conhecido aqui no Brasil para depois ir para a Europa, já com a vida feita aqui. O meu sonho é jogar no Pacaembu lotado", completou o atleta, que hoje tem sua carreira agenciada pelo empresário Antônio Almeida, da ADM Esporte, de São Paulo.

O atacante deu os primeiros dribles com uniforme em um pequeno clube baiano, o Real Salvador. Aos 11 anos, foi para o Vitória e chamou a atenção de um italiano, em 2008, já com 14 anos, como contou o pai do jogador, Cláudio Albuquerque. “Ele se disse empresário e me pediu um DVD do Matheus. Acabou o convidando, junto com um colega, para treinar na Fiorentina, da Itália. Foram para jogar um torneio com autorização do Vitória e acabaram campeões”, disse Cláudio, que, contudo, não se animou com a ideia de deixar o filho com um tutor na Europa, ou mudar a família toda de continente. "Aí as condições para jogar menor de idade lá são: ou o pai vai para lá trabalhar ou nomeia um tutor. Aí eu disse não. Não sabia nada dessas coisas. Sei que eles foram bem lá, não sabia se era papo do empresário ou se o clube tinha interesse mesmo".

 
Foto: Reprodução Ampliar
 
Convite feito pelo Barcelona para treinos não se concretizou
Não demorou muito para outro clube europeu, desta vez o Sporting de Lisboa, se interessar pelo atacante. O clube enviou carta avisando que pagaria as despesas para Matheus passar um período em Portugal, em janeiro de 2009. "Não sei como aconteceu, um português descobriu o meu telefone. O nome era Alberto Silva e levou o Matheus para o Sporting de Lisboa. Ele ficou quase um mês lá sendo avaliado, foi muito bem, jogou um amistoso, fez dois gols, mas aí veio a mesma coisa e disse que preferia que o Matheus seguisse no Brasil e o clube acompanhasse. Eu nunca falava com o clube diretamente, sempre tinha um intermediário, um empresário, e a gente sempre ficava com o pé atrás na hora de assinar com eles", lembrou Cláudio.

Não parou por aí. Em abril de 2009, apareceria a proposta de um dos clubes que mais encantam Matheus, o Milan. "Tenho um amigo, Charles, que é guia de turismo. Ele conheceu uns italianos, falou do Matheus, e eles também pediram um DVD, que acabou nas mãos de um empresário influente lá, Oscar Damiani, e ele levou o Matheus para fazer treinos no Milan. Lá desde o começo falaram tudo certinho, foi o que mais gostei da forma de lidar. Não pediram nada. Disseram que ele seria observado, depois voltaria ao Brasil e seria acompanhado aqui. O Milan só contrata estrela. Ele ficou uns 10 dias, jogou um torneio rápido, fez gols. Avisaram que não tinha estrangeiro na base, o Matheus não tem cidadania européia, e que acompanhariam para, no futuro, se interessar, contratar. Aí apareceu a oportunidade no Corinthians e não hesitamos", afirmou o pai de Matheus.

Antes de assinar o primeiro contrato profissional com o time paulista, ainda houve outros contatos, do Barcelona, da Espanha, e do PSV, da Holanda, que acabaram não se concretizando. "O Barcelona foi mais estranho. Um empresário o viu jogando, fez contato, pediram um DVD e o Barcelona mandou um convite oficial, dizendo que tinha interesse em levá-lo para observar em treinos, mas sem data. Veio dizendo para combinar a data. Acabou que nunca combinaram nada", disse Cláudio. 
 
Foto: Arquivo Pessoal
 

Matheus se esforça no Corinthians, mas técnico alerta: tem de finalizar melhor
 
Matheus, hoje, tem a chance de estar perto de dois dos seus ídolos no futebol: Adriano e o jogador que mais admira desde pequeno, Ronaldo. Já encontrou com o "Fenômeno" quando fez treinos com os profissionais, mas controlou a tietagem. "Aqui me chamam de “Baibra”, porque sou baiano e dizem que o estilo de jogo parece com o do Ibrahimovic. Mas quem eu mais admiro é o Ronaldo, o Adriano também, o Ibrahimovic é ótimo, mas sou fã mesmo, desde pequeno, do Ronaldo. Já encontrei com ele aqui, mas a gente fica meio assim de falar... Disse só ‘oi, tudo bem’ e tal...", lembrou Matheus que, segundo o pai, tem como grande diferencial um comportamento exemplar que Cláudio não hesita em comparar com o de Kaká, do Real Madrid.

Os direitos econômicos de Matheus já estão fatiados: o Corinthians tem 70%, enquanto a ADM Esporte é dona do restante. "A ideia é não tirar do Brasil, tem de valorizar o país, o empresário tem de fazer isso, ser parceiro do clube. Não posso levar para fora, vai sair por 10% do valor que conseguiria com 20 anos. Aí o clube europeu ganha e os brasileiros nada. Óbvio que tem de ir para a Europa, mas valorizado", disse o empresário Antônio Almeida que tem em sua carteira de clientes os atacantes Jonas, ex-Grêmio (atualmente no Valencia, da Espanha), e Fernandinho, do São Paulo, entre outros.

IG

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