Após 106 dias presos na Penitenciária de San Pedro, em Oruro, sete dos
12 corintianos devem chegar ao Brasil no fim da tarde deste sábado – ou,
no mais tardar, na manhã de domingo. A embaixada brasileira na Bolívia
já trabalha na logística para a saída dos torcedores e transporte até a
capital La Paz, de onde eles embarcarão rumo a São Paulo. A ideia é
tratar o caso com cautela e evitar qualquer problema com a justiça
local.
Questionado sobre a primeira coisa que gostaria de fazer, agora que
está em liberdade, um dos torcedores disse ao GLOBOESPORTE.COM que pretende "beber para c...."
Presos e familiares comemoram libertação
Os torcedores foram libertados por volta das 18h40m (horário de
Brasília). Pouco antes, o advogado Miguel Blancourt, que trabalha para o
consulado brasileiro em La Paz – e representou os corintianos no caso
até o dia 5 de abril – já havia explicado que o motivo da libertação de
parte dos alvinegros é por falta de provas. O Corinthians divulgou uma
nota oficial em seu site, exaltando a felicidade pela liberdade dos sete
torcedores (veja a nota abaixo).
OS SETE LIBERTADOS | |||
---|---|---|---|
Tiago Aurélio dos Santos Ferreira Danilo Silva de Oliveira Tadeu Macedo Andrade Rafael Machado Castilho Araújo Fábio Neves Domingos Hugo Nonato Clever Souza Clous |
Os 12 torcedores foram acusados de participação na morte do garoto
Kevin Douglás Beltrán Espada, de 14 anos, atingido por um sinalizador
marítimo durante o empate por 1 a 1 entre San José, da Bolívia, e
Corinthians, pela primeira fase da Taça Libertadores da América.
Depois da liberação dos sete, a intenção da embaixada é providenciar a
saída dos outros cinco, que seguem com situação indefinida em Oruro.
– Já estamos providenciando a logística para que os corintianos deixem
Oruro em segurança. Um pessoal foi enviado para o transporte até La Paz,
e, posteriormente, ao Brasil. Vamos atrás de passaportes,
documentações, passagens... Enfim, tudo o que for necessário – resumiu o
ministro conselheiro da embaixada local, Eduardo Saboia, em entrevista
por telefone.
OS CINCO QUE SEGUEM PRESOS | |
---|---|
Reginaldo Coelho Leandro Silva de Oliveira José Carlos da Silva Júnior Marco Aurélio Nefreire Cleuter Barreto Barros |
A cautela em relação à justiça boliviana é grande. A possibilidade de
que a culpa recaia inteiramente sobre os torcedores que permanecem na
Penitenciária de San Pedro deixa os próprios libertados com medo. Tanto
que três dos sete cogitam, inclusive, permanecer em Oruro para
pressionar as autoridades locais.
– Estamos firmes nisso, mas não queremos prejudicá-los. Eles estão
sujeitos ao mesmo tipo de arbítrio que libertou os outros sete. Três dos
libertados queriam ficar, para fazer pressão moral. Precisamos ser
comedidos nas palavras, porque a situação ainda é delicada – alertou
Eduardo Saboia.
A revolta maior dos torcedores em Oruro é o fato de o menor H.A.M., de
17 anos, ter admitido o disparo que matou Kevin Espada e, ainda assim,
nada ter sido alterado no processo. O promotor boliviano Alfredo Santos
Canaviri viajou ao Brasil e ouviu o garoto no início de maio, mas a
situação dos 12 corintianos permaneceu igual.
O fim das investigações do caso estava previsto somente para agosto. O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a visitar a Bolívia,
onde pediu que o promotor do caso fosse a São Paulo ouvir o menor e
anexar o depoimento no processo que corre pela justiça boliviana.
O Corinthians divulgou uma nota oficial em seu site, exaltando a
felicidade pela liberdade dos sete torcedores. O clube destacou a
participação do presidente Mário Gobbi e do ex-mandatário Andrés Sanchez
nas conversas com os bolivianos e prometeu empenho para conseguir
também a saída dos cinco alvinegros que permanecerão na penitenciária em
Oruro.
Veja a nota oficial do Corinthians na íntegra:
Nesta quinta-feira (06), o Sport Club Corinthians Paulista recebeu
com extrema felicidade a notícia da libertação de sete dos 12 cidadãos
brasileiros – e torcedores corinthianos –, que estavam presos na cidade
de Oruro, na Bolívia, desde 20 de fevereiro.
Um dia após o triste falecimento do garoto Kelvin Beltrán Espada,
em entrevista coletiva concedida no CT Dr. Joaquim Grava, o presidente
Mário Gobbi Filho iniciou a defesa dos 12 cidadãos brasileiros, que
haviam sido detidos sem prova alguma. Desde então, o Sport Club
Corinthians Paulista trabalhou incessantemente, em conjunto com o
Governo Federal, para lutar pelos direitos dos seus torcedores.
Mário Gobbi chegou a se reunir com familiares dos presos
Ao longo dos mais de 100 dias, o presidente Mário Gobbi Filho e o
secretário geral Ronaldo Ximenes viajaram a Brasília-DF para realizar
reuniões com José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, e Antônio de
Aguiar Patriota, ministro das Relações Exteriores; receberam os
familiares dos brasileiros detidos no Parque São Jorge; e mantiveram
contatos diários com os dois ministérios citados. Durante o período, o
Sport Club Corinthians Paulista também teve o apoio do eterno presidente
Andrés Sanchez para reforçar a sua atuação.
A felicidade pela libertação dos sete cidadãos brasileiros, no
entanto, não é maior que a força e o engajamento com que o Sport Club
Corinthians Paulista seguirá trabalhando para que todos os outros cinco
torcedores tenham os seus direitos respeitados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário