terça-feira, 27 de agosto de 2013

Corintiano preso em Oruro por cinco meses participa de briga em Brasília

Um dos torcedores que ficaram presos durante cinco meses e meio na Bolívia por causa da morte do garoto Kevin Espada, de 14 anos, foi identificado durante a briga ocorrida no último domingo, em Brasília, entre torcedores do Corinthians e Vasco, no intervalo da partida válida pelo Brasileirão. A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta terça. Integrante da Gaviões da Fiel, Leandro Silva de Oliveira foi solto no dia 2 de agosto por falta de provas. Ele não foi preso no incidente ocorrido no final de semana. A Polícia Civil do DF informou que ouvirá testemunhas para a identificação formal de Leandro, que poderá ser banido dos estádios por três anos de acordo com artigo do Estatuto do Torcedor. 
 
A confusão começou quando membros de torcidas organizadas do Timão aproveitaram o fato de o estádio não contar com divisórias e invadiram o setor destinado aos vascaínos. Surpreendida, a Polícia Militar teve trabalho para mandar os corintianos de volta ao local onde estavam posicionados - havia poucos agentes no setor. Eles tiveram de apelar para spray de pimenta para tentar conter a confusão. Alguns dos vândalos cobriram o rosto para não serem identificados. Quatro acabaram presos, mas foram liberados na sequência.

Após a entrada pacífica, quando torcedores de ambos os clubes confraternizavam, inclusive, alguns corintianos que entraram atrasados no estádio aproveitaram o intervalo para correr em direção ao setor onde estavam os vascaínos, que recuavam, evitando o confronto. A rivalidade entre torcidas de Vasco e Corinthians é conhecida de longa data. Em 2009, antes do segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, um corintiano foi por morto por vascaínos, em briga na Marginal Tietê, em São Paulo. Em reação ao ato violento, os paulistas revidaram queimando um dos ônibus que havia transportado os vascaínos até São Paulo.
Leandro Silva de Oliveira torcida corinthians briga estádio mané garrincha (Foto: Ed Ferreira / Agência Estado) 
Leandro (sem camisa no alto) participa da briga em Brasília
 
Leandro foi um dos 12 torcedores do Corinthians que acabaram presos na Bolívia pelo incidente ocorrido no dia 20 de fevereiro, durante partida contra o San Jose, ainda pela primeira fase da Taça Libertadores  e que terminou empatada por 1 a 1. Na ocasião, Kevin Espada foi atingido por um sinalizador e morreu. O disparo partiu da área onde estava localizada a torcida do Timão e, por isso, alguns acabaram presos. Um menor de 17 anos assumiu a autoria do disparo do objeto. Por falta de provas, o inquérito acabou arquivado na justiça boliviana.

Outro envolvido na briga do último domingo foi Raimundo César Faustino, que foi eleito vereador pela cidade de Francisco Morato, município da Grande São Paulo, no ano passado. A foto que mostra ele dando um chute em um policial foi divulgada pelo jornal Lance nesta terça-feira.
torcedores do corinthians prisão de San Pedro Oruro (Foto: Agência Reuters) 
Leandro (à esq.) ficou na prisão de San Pedro Oruro por cinco meses e meio 
 
Polícia fará identificação formal
De acordo com o delegado Marco Antônio de Almeida, responsável pela investigação da briga do último domingo, tudo indica que o torcedor que aparece nas imagens é mesmo Leandro Silva de Oliveira. Porém, será necessária uma identificação formal antes de ser apresentada denúncia contra ele.

- A princípio, há fortes indícios de que ele (Leandro) participou do ato de vandalismo no estádio. Mas precisamos formalizar esse reconhecimento antes de dizer oficialmente que ele foi um dos envolvidos. Testemunhas e vítimas que estavam no local do fato vão ser intimadas para, através de fotografias, confirmarem ou negarem a participação do Leandro no evento - informou o delegado.

O mesmo procedimento será feito também para a identificação formal do vereador Raimundo César Faustino. A polícia pretende ouvir as testemunhas ainda esta semana. Caso seja confirmada oficialmente a participação dos dois torcedores, um processo será encaminhado à Justiça, que poderá enquadrá-los no artigo 41 do Estatuto do Torcedor, que prevê a exclusão dos estádios por até três anos para quem "promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos".

- Se confirmado a participação deles, serão indiciados por infringir a um delito previsto no Estatuto do Torcedor, e o procedimento vai ser encaminhado ao poder judiciário para as sanções previstas no próprio Estatuto - completou Marco Antônio de Almeida.

Ainda segundo o delegado, as imagens do circuito de segurança do estádio já foram solicitadas e serão analisadas para a identificação de outros envolvidos na briga.

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