Um dos torcedores que ficaram presos durante cinco meses e meio na
Bolívia por causa da morte do garoto Kevin Espada, de 14 anos, foi
identificado durante a briga ocorrida no último domingo, em Brasília,
entre torcedores do Corinthians e Vasco, no intervalo da partida válida
pelo Brasileirão. A informação foi revelada pelo jornal "O Estado de S.
Paulo" nesta terça. Integrante da Gaviões da Fiel, Leandro Silva de
Oliveira foi solto no dia 2 de agosto por falta de provas. Ele não foi
preso no incidente ocorrido no final de semana. A Polícia Civil do DF
informou que ouvirá testemunhas para a identificação formal de Leandro,
que poderá ser banido dos estádios por três anos de acordo com artigo do
Estatuto do Torcedor.
A confusão começou quando membros de torcidas organizadas do Timão
aproveitaram o fato de o estádio não contar com divisórias e invadiram o
setor destinado aos vascaínos. Surpreendida, a Polícia Militar teve
trabalho para mandar os corintianos de volta ao local onde estavam
posicionados - havia poucos agentes no setor. Eles tiveram de apelar
para spray de pimenta para tentar conter a confusão. Alguns dos vândalos
cobriram o rosto para não serem identificados. Quatro acabaram presos,
mas foram liberados na sequência.
Após a entrada pacífica, quando torcedores de ambos os clubes
confraternizavam, inclusive, alguns corintianos que entraram atrasados
no estádio aproveitaram o intervalo para correr em direção ao setor onde
estavam os vascaínos, que recuavam, evitando o confronto. A rivalidade
entre torcidas de Vasco e Corinthians é conhecida de longa data. Em
2009, antes do segundo jogo da semifinal da Copa do Brasil, um
corintiano foi por morto por vascaínos, em briga na Marginal Tietê, em
São Paulo. Em reação ao ato violento, os paulistas revidaram queimando
um dos ônibus que havia transportado os vascaínos até São Paulo.
Leandro (sem camisa no alto) participa da briga em Brasília
Leandro foi um dos 12 torcedores do Corinthians que acabaram presos na
Bolívia pelo incidente ocorrido no dia 20 de fevereiro, durante partida
contra o San Jose, ainda pela primeira fase da Taça Libertadores e que
terminou empatada por 1 a 1. Na ocasião, Kevin Espada foi atingido por
um sinalizador e morreu. O disparo partiu da área onde estava localizada
a torcida do Timão e, por isso, alguns acabaram presos. Um menor de 17
anos assumiu a autoria do disparo do objeto. Por falta de provas, o
inquérito acabou arquivado na justiça boliviana.
Outro envolvido na briga do último domingo foi Raimundo César Faustino,
que foi eleito vereador pela cidade de Francisco Morato, município da
Grande São Paulo, no ano passado. A foto que mostra ele dando um chute
em um policial foi divulgada pelo jornal Lance nesta terça-feira.
Leandro (à esq.) ficou na prisão de San Pedro Oruro por cinco meses e meio
Polícia fará identificação formal
De acordo com o delegado Marco Antônio de Almeida, responsável pela
investigação da briga do último domingo, tudo indica que o torcedor que
aparece nas imagens é mesmo Leandro Silva de Oliveira. Porém, será
necessária uma identificação formal antes de ser apresentada denúncia
contra ele.
- A princípio, há fortes indícios de que ele (Leandro) participou do
ato de vandalismo no estádio. Mas precisamos formalizar esse
reconhecimento antes de dizer oficialmente que ele foi um dos
envolvidos. Testemunhas e vítimas que estavam no local do fato vão ser
intimadas para, através de fotografias, confirmarem ou negarem a
participação do Leandro no evento - informou o delegado.
O mesmo procedimento será feito também para a identificação formal do
vereador Raimundo César Faustino. A polícia pretende ouvir as
testemunhas ainda esta semana. Caso seja confirmada oficialmente a
participação dos dois torcedores, um processo será encaminhado à
Justiça, que poderá enquadrá-los no artigo 41 do Estatuto do Torcedor,
que prevê a exclusão dos estádios por até três anos para quem "promover
tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos
competidores em eventos esportivos".
- Se confirmado a participação deles, serão indiciados por infringir a
um delito previsto no Estatuto do Torcedor, e o procedimento vai ser
encaminhado ao poder judiciário para as sanções previstas no próprio
Estatuto - completou Marco Antônio de Almeida.
Ainda segundo o delegado, as imagens do circuito de segurança do
estádio já foram solicitadas e serão analisadas para a identificação de
outros envolvidos na briga.
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