Poucos contra muitos. Alguns diante da uma multidão. Soldados azuis
“engolidos” por um Bando de Loucos. No futebol, geralmente, o time
visitante é agraciado com de 5 a 10% da capacidade de um estádio. O
Corinthians, porém, resolveu abusar no Japão. Não que o Timão seja o
mandante do Mundial de Clubes. Pelo contrário, é um dos que jogará mais
distante de seus domínios. Entretanto, a paixão da Fiel somada ao
descaso de seu principal rival já garantiu a primeira vitória. De acordo
com as previsões, os brasileiros comparecerão em número até 20 vezes
maior que a torcida do Chelsea na competição que definirá o melhor time do mundo em 2012.
Cerca de 30 mil blues foram até Munique acompanhar a decisão da Liga dos Campeões
Faltando uma semana para o início da competição, a estimativa do
consulado japonês no Brasil é de que cerca de 20 mil fanáticos deixem o
país rumo ao Oriente - sem contar a comunidade brasileira no Japão.
Marca já expressiva, mas ainda maior diante da expectativa inglesa. Um
máximo de mil “blues” estão se preparando para deixar o Reino Unido para
apoiar os atuais campeões europeus. O número é o mesmo de ingressos
colocados à venda oficialmente pelo Chelsea para seus dois jogos
previstos – semifinal, dia 13, e final, dia 16.
Em Londres, encontrar um torcedor azul com passagem comprada para o
Japão não é tarefa das mais fáceis. Os poucos que já estão fazendo as
malas não têm a disputa em Toyota e Yokohama exatamente como prioridade.
Por incrível que pareça, o que acontecerá nos gramados acabou se
tornando um “bônus” em uma viagem de lazer no fim do ano.
– Eu estou bem ansioso para viajar. Só o fato de conhecer o Japão já é
fantástico. Se vencermos, será incrível por poder dizer que somos os
melhores do mundo. Se perdermos, não será o fim do mundo.
Voltaremos e
jogaremos com o Leeds (pela Copa da Liga) da mesma maneira. Acho que a
maioria das pessoas vai curtir a viagem, independentemente do resultado.
Quem está indo, não vai só por causa do futebol. Acontece o mesmo em
alguns jogos da Champions. Podemos ver bons jogos, beber, conhecer as
cidades, lugares fantásticos... É uma ocasião social muito legal. Será
bom ganhar, mas não o principal. O jogo é um bônus. Quero conhecer o
Monte Fuji – resumiu Cliff Auger.
Cliff e Dave querem conhecer o Japão: 'Vencer o Leeds importa muito mais'
O britânico seguirá para o Japão ao lado do amigo Dave Johnston. A
dupla acompanha os Blues em todas as partidas durante a temporada, seja
no Reino Unido ou ao redor da Europa. A continuação da saga pelo outro
lado do mundo é encarada muito mais como uma aventura de dois
apaixonados do que uma obsessão pela competição:
– Estou indo porque gosto de seguir o Chelsea. Vai ser a primeira vez
nessa competição, seria brilhante vencer, mas não faz muita diferença.
Vou ser sincero e dizer que nem para a viagem estou animado, mas eu amo o
Chelsea. Na verdade, vencer o Leeds importa muito mais – disse
Johnston.
Despesa dos brasileiros é o triplo dos ingleses
Cliff e Dave gastarão 'apenas' entre R$ 4 e R$ 5 mil
O custo médio da viagem para os britânicos (passagem, hospedagem e
ingressos) tem girado entre R$ 4 e 5 mil (1,2 a 1,5 mil libras), bem
mais barato do que os R$ 15 mil de média para quem parte do Brasil. A
desvantagem numérica, inclusive, é tratada com respeito por Dave
Johnson, que foi sucinto ao reagir a informação da “invasão corintiana”.
– Isso é fantástico. O que podemos fazer é aplaudi-los. Não poderemos competir com eles.
Cliff também se impressionou, mas fez questão de lembrar que o
histórico recente do Chelsea em grandes competições garante que a
disparidade nas arquibancadas não intimidará ninguém.
– Em Munique, eram milhões de alemães nas ruas e éramos apenas 25, 30
mil. Ou seja, estamos acostumados com essa situação. O mais importante
não é gritar mais alto durante o jogo, mas continuar gritando após.
Mais de 20 mil corintianos deverão se deslocar até o Japão
Terry: ‘Fazer o que no Japão?’
Fiéis entre os torcedores do Chelsea, os dois viveram na Allianz Arena,
dia 19 de maio, a melhor noite de suas vidas, indiscutivelmente. Após a
vitória nos pênaltis sobre o Bayern de Munique, Dave Johnson se
encontrou com alguns jogadores em celebração no hotel, ainda na
Alemanha, e, já planejando a ida ao Japão, comentou sobre o Mundial com
John Terry. A reação do capitão, segundo o torcedor, foi, no mínimo, curiosa.
Terry desconhecia sobre viagem ao Japão
– Acho que o Corinthians é favorito. Vou te contar uma história
curiosa. Em Munique, após o jogo, estive no hotel para festa dos
jogadores e falei com o Terry: "Agora, vamos guardar dinheiro para ir ao
Japão". Ele disse: "Japão? Fazer o quê?". Eu disse: "Mundial de
Clubes". Ele: "Quando? Na pré-temporada?". Então, para muitos jogadores
não é o mais importante.
Também membro do pequeno grupo de ingleses a caminho do Japão, Jeremy
Sice foi outro a admitir que informações sobre os rivais não são seu
ponto forte. Entretanto, demonstrou respeito pelo Corinthians.
– Confesso que não conheço o Corinthians como deveria, mas sei que é um
clube com um mística enorme. Acho que se tivesse que falar sobre um
clube sul-americano, seria o primeiro a vir na minha cabeça.
Por fim, Sice revelou um apelido dos Blues para competir com o Bando de Loucos do Timão.
– Somos chamados de Exército Azul, mas não muito. Para ser honesto, nos contentamos em sermos "apenas" torcedores do Chelsea. Um grupo de pessoas das mais diferentes idades e classes sociais juntas para formar essa paixão.
Exército formado por pouquíssimos soldados em um território dominado pela Fiel.
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