Riquelme com Falcioni no treino do Boca Juniors
Riquelme mudou. O período entre as duas finais da Libertadores tem
exibido um homem diferente. Sorridente, participativo, dedicado nos
treinos e até em função nova no Boca Juniors: auxiliar-técnico.
Depois do empate por 1 a 1 contra o Corinthians, quarta-feira passada
na Bombonera, vieram à tona notícias sobre o mau relacionamento entre o
maestro e o treinador Julio César Falcioni. A imprensa argentina disse
que Riquelme, inclusive, influenciaria companheiros a não seguirem as
instruções do técnico, e sim as suas orientações. Também foram colocados
como ponto de divergência os frequentes pedidos do craque para não
treinar. É notório que ele tem privilégios.
Mas para que o Boca conquiste o heptacampeonato da Libertadores, vale
tudo. O semblante triste que caracteriza Riquelme desapareceu nos
últimos dias. Seu uniforme de treino tem saído tão suado quanto o de
todos os colegas e até mesmo um dueto com Falcioni foi esboçado antes do
treino do último domingo. Uma trégua para conseguir vencer o
Corinthians no Pacaembu.
Na sexta-feira, no primeiro treino depois dos 90 minutos iniciais da
decisão, Riquelme teve aparição tão discreta quanto a atividade. No fim
da fila ao lado do amigo Clemente Rodríguez, parecia ainda cansado
depois dos extenuantes minutos contra o Timão.
O cenário virou completamente no sábado. Sorridente como poucas vezes
se viu, o meia participou de todo treino físico e depois comandou os
veteranos no tradicional rachão. Um treino sem regras, que o deixou à
vontade para reclamar da arbitragem, se divertir com os erros dos
companheiros e selar a vitória de seu time com um belo chute no canto,
obediente à ordem que partiu de Falcioni na beira do gramado:
- Quem fizer, ganha!
Riquelme se diverte durante treino em Buenos Aires
Coube a Riquelme também puxar os aplausos aos perdedores. Gozador.
Espírito que voltaria a se repetir no aquecimento do treino de domingo.
Novamente na “panela dos velhinhos”, ao lado de Clemente e Schiavi, ele
gargalhou antes do coletivo. Depois assumiu postura séria. Diferente. E
se uniu ao técnico, suposto desafeto, para traçar as estratégias da
equipe, que começou a ser preparada para o duelo diante do Corinthians.
Fomos melhores que o Corinthians, tivemos chances claras e confiamos no nosso grupo"
Riquelme
Por cerca de cinco minutos, ouviu bastante, mas também falou,
gesticulou e apontou. Tudo sob atentos olhares e ouvidos do atacante
Mouche, que não ousou abrir o bico com os chefes. Depois, caído pela
esquerda, como sempre, distribuiu bons passes que, assim como já havia
ocorrido na Bombonera contra o Corinthians, caíram em pés menos
habilidosos.
Riquelme é recluso, tímido. Só se solta com pouquíssimas pessoas. Não
se sente bem com o assédio do público ou da imprensa, tanto que ainda
mora em Don Torcuato, cidade localizada na grande Buenos Aires. Um lugar
simples. Só se mudou da casa onde passou a infância para uma mais
segura, num condomínio fechado, a pouco mais de cem metros. Ele mesmo
diz que para vê-lo sorridente, basta fazer um churrasco em Don Torcuato,
com dezenas de amigos, família e portas abertas.
Pelo menos até a decisão de quarta-feira, é possível vê-lo sorridente também com a camisa do Boca Juniors.
- Confiamos no que temos e é preciso chegar ao Brasil com
tranquilidade. Fomos melhores que o Corinthians, tivemos chances claras
antes do gol e confiamos no grupo - garantiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário