Clemente Rodríguez e Riquelme em treino do Boca
Nos treinos físicos do Boca Juniors, há sempre dois jogadores no fim da fila, como se fossem a famosa “turma do fundão”. Riquelme
e Clemente Rodríguez não param de conversar nem por um instante. Quando
a bola rola, o cenário é parecido. Seja em coletivos ou mesmo durante
as partidas. Quando Riquelme domina a bola, sempre olha para a esquerda,
parece procurar o lateral, que já corre para se apresentar no ataque e
receber.
A amizade entre os dois é conhecida por todos na Argentina, e um trunfo
da equipe na final desta quarta-feira contra o Corinthians. Até porque
ambos sabem exatamente como é disputar – e ganhar – uma decisão de
Libertadores. Eles estavam em campo no último título conquistado pelo
Boca Juniors, em 2007, sobre o Grêmio, no estádio Olímpico.
Ao lado do zagueiro Schiavi, os dois são os principais líderes da
equipe e exercem influência grande nos demais jogadores e até na
comissão técnica e na maneira de atuar. A última demonstração foi dada
na última terça-feira.
Sem acordo com o lateral-direito Roncaglia, que, já vendido para a
Fiorentina-ITA, não aceitou os termos de um seguro para disputar a
final, o presidente Daniel Angelici chegou a dizer que ele nem viajaria
para São Paulo. Foi a deixa para que os jogadores entrassem em ação.
Encabeçados por Riquelme e seu fiel escudeiro, apararam as arestas, e
Roncaglia está no Brasil, ainda sem uma definição sobre sua escalação.
Em 2010, quando a diretoria contratou Clemente de volta, a presença do
velho companheiro no grupo foi fundamental. Em entrevistas, o camisa 10
pressionou o acerto. “Ele é o melhor”, dizia o meia.
O Riquelme é nosso técnico dentro de campo"
Clemente Rodríguez
Na época, a dupla estava há algum tempo sem conversar, mas a amizade
voltou ainda com mais força. Clemente Rodríguez é companheiro dos
churrascos de Riquelme em Don Torcuato, local onde o craque nasceu e
vive até hoje com a família. É um dos poucos que entendem e não
questionam o fato de ele não se mudar para Buenos Aires e preferir
gastar horas para ir e voltar dos treinos, diariamente.
Em campo, a parceria também é facilmente notada. No esquema de Julio
César Falcioni, que por sinal é muito parecido com o de 2007, seu
principal jogador costuma cair mais pelo lado esquerdo, território de
Clemente. O número de passes trocados entre eles durante os 90 minutos
chama atenção. Além da dupla, o volante Pablo Ledesma é outro
remanescente do grupo hexacampeão há cinco anos.
Para selar a parceria de sucesso, recentemente os ícones do Boca se
tornaram os atletas que mais vezes entraram em campo pela equipe na
Libertadores. Riquelme tem 65 partidas, uma a mais que o
lateral-esquerdo. Ambos se aproveitaram da lesão do volante Battaglia,
antigo recordista com 60 jogos, e que mesmo machucado está no Brasil
para apoiar os parceiros na tentativa do heptacampeonato.
– O Riquelme é nosso técnico dentro de campo – resume Rodríguez.
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