Alexandre Pato, novo reforço do Corinthians
Ao todo foram 150 jogos, 9.784 minutos em campo, 63 gols, dois títulos e
16 lesões. Este é um breve resumo da trajetória de Alexandre Pato com a
camisa do Milan. Reforço do Corinthians para 2013, o atacante
desembarca no Brasil com um preocupante histórico de lesões.
Na atual temporada, por exemplo, Pato atuou somente em sete partidas
(fez dois gols) das 25 disputadas pelo clube italiano - ou seja, ficou
fora de 72% dos jogos de sua ex-equipe.
Contratado pelo Timão por cerca de € 15 milhões (pouco mais de R$ 40
milhões), o jogador de 23 anos será a principal arma do time paulista
para superar o baixo rendimento de seu ataque no ano passado, quando um volante (Paulinho) acabou como artilheiro da equipe - e, mesmo assim, a equipe conquistou Libertadores e Mundial de Clubes. A tendência é que forme dupla com o peruano Guerrero.
No Milan, o nome de Pato sempre foi acompanhado de uma enorme
expectativa. Ele foi contratado em 2007, quando o clube italiano aceitou
pagar ao Internacional € 22 milhões (R$ 56 milhões), mesmo sabendo que
só poderia contar com o atacante em 2008, quando completasse 18 anos. O
jogador chegou à Itália com uma enorme publicidade em torno de seu nome,
sendo considerado uma das maiores promessas do futebol mundial.
Quando finalmente estreou pela equipe rubro-negra, em 13 janeiro de
2008, marcou um belo gol na vitória sobre o Napoli, por 5 a 2, e foi
aplaudido de pé. Ficou absolutamente claro para quem estava naquele dia
no estádio que Pato, além de ter herdado a camisa 7 de Andriy Shevchenko
(que transferiu-se em maio de 2006 para o Chelsea), passaria a ter o
papel de talismã da equipe. Menos de um mês após sua estreia, o atacante
conheceu sua primeira lesão, que o afastou dos gramados por algumas
semanas. Ele terminou a temporada 2007/2008 com nove gols em 20
partidas.
– No início, ele não era visto como o sucessor de Shevchenko, pelo
futebol muito diferente que podia jogar, mas foram suficientes as
primeiras atuações para entender que ele era um craque. O seu primeiro
gol contra o Napoli foi maravilhoso. A imprensa falava que nunca tinha
visto no Calcio (Campeonato Italiano) um jogador tão jovem e tão bom
desde os tempos do Roberto Baggio. Sua personalidade, coragem e classe
no estádio San Siro eram incríveis. Com ele em campo tudo parecia
possível. Até esquecer, mesmo que por alguns minutos, o antigo camisa 7,
o Sheva, que depois retornou ao clube por empréstimo (em agosto de
2008) – disse Massimo Basile, editor do Corriere Dello Sport (ITA).
Alexandre Pato se machuca pelo Milan... cena comum nas últimas temporadas
De novembro de 2009 pra cá, o jogador nunca mais conseguiu manter a
regularidade que o fez ter a ascensão meteórica na carreira. Ele passou
mais tempo no Milan-Lab, departamento médico milanista. Foram 14 lesões,
que, somadas às duas anteriores, o deixaram fora de ação por 577 dias.
Até uma viagem aos Estados Unidos para realizar exames na clínica de um
renomado neurologista quiropraxista não foi suficiente para descobrir um
tratamento adequado para a sequência de problemas musculares do
jogador.
– O Milan nunca falou abertamente sobre a real situação do jogador. Era
um 'segredo de estado milanista'. O clube dizia que era só um
probleminha, muito pequeno, e que Pato não teria dificuldades para
voltar logo. Ninguém falou da verdadeira situação do jogador até a
terceira lesão. Depois, as coisas mudaram e os jornais italianos
passaram a tratar o caso como: “O Mistério Pato”. Na minha opinião, a
história futebolística do Pato no Milan foi muito rápida, rápida até
demais, na glória e na dor – afirmou Massimo Basile.
As noitadas com Ronaldinho e os seguidos problemas de ordem clínica fizeram os números de Alexandre Pato caírem (veja o infográfico abaixo).
Em 2011/2012, por exemplo, marcou somente quatro gols em 18 jogos
(participou de 33,96% das partidas do Milan). Na temporada seguinte,
teve seu pior desempenho: foram dois gols em sete jogos (participou de
28%), perdendo espaço na seleção brasileira - foi convocado pela última
vez para as Olimpíadas, realizada entre junho e agosto de 2012, por Mano
Menezes. Na competição, foi reserva de Leandro Damião, atacante do
Internacional.
– Pato frequentava muito a noite de Milão, sobretudo quando o
Ronaldinho esteve por aqui. Quando ele começou a se relacionar com a
Barbara Berlusconi (filha de Silvio Berlusconi, presidente do clube), a
situação mudou. Não que ele tenha virado homem de igreja. No entanto, no
vestiário do Milan, alguns jogadores, como o Ibrahimovic, não gostaram
dessa relação porque a importância da Barbara podia influenciar o
treinador – falou o jornalista.
Com tudo isso, a desvalorização foi grande. O Corinthians vai pagar
pouco mais de R$ 40 milhões, cerca de R$ 16 milhões a menos do que o
Milan desembolsou há aproximadamente cinco anos. Vale lembrar que,
segundo o jornal francês L'Equipe, o Paris Saint-Germain estava
disposto a pagar cerca de € 35 milhões - R$ 80 milhões - para ter o
jogador no início do ano passado, mas o Milan rejeitou a proposta.
Olho na Seleção
Insatisfeito na Itália e de olho no bom momento vivido pelo Timão após
os títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes, o atacante volta ao
Brasil para recuperar o prestígio e reconquistar seu espaço na seleção
brasileira, atualmente comandada por Luiz Felipe Scolari. Por causa
disso, ele teria, inclusive, recusado outras propostas de times
europeus. A decisão de Pato de voltar ao país passa também por Tite. O
treinador conversou com o jogador algumas vezes por telefone para tentar
convencê-lo a jogar no Timão.
Ex-Internacional, Alexandre Pato pretende retornar à seleção brasileira
Para 2013, o Corinthians espera que Alexandre Pato acabe de vez com um
problema que irritou a torcida corintiana em 2012. Apesar dos gols
decisivos de Emerson e Paolo Guerrero, na Libertadores e no Mundial de
Clubes, respectivamente, o Timão sofreu com o fraco aproveitamento dos
seus atacantes. O volante Paulinho, decisivo no esquema tático de Tite
pela forma como aparece no setor ofensivo, foi o artilheiro do Timão no
ano, com 13 gols.
Em 2012, o desempenho dos atacantes do Corinthians foi abaixo do
esperado. Emerson, por exemplo, balançou 12 vezes as redes adversárias.
Guerrero, que chegou ao clube em meados de julho, anotou oito gols.
Romarinho fez sete. Liedson e Willian, que não conseguiram se firmar
entre os titulares e deixaram o clube após a Libertadores, fizeram cinco
cada. O pior desempenho na temporada 2012 pertence a Jorge Henrique. O
jogador disputou 43 partidas e fez somente três gols. Elton, emprestado
ao Vitória, tem o mesmo número. Gilsinho e Adriano, outros que saíram
durante a temporada, fizeram um.
* Texto de Igor Castello Branco, sob supervisão de Cassius Leitão.
Globo
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