“Merecimento”, “treinabilidade”, “pau dentro”... Tite
criou praticamente um dicionário próprio. Um personagem que chegou a
ser alvo de piadas há poucos anos, mas com seu jeitão sincero, termos
marcantes e, principalmente, justiça, conquistou a torcida do
Corinthians como quase nenhum outro técnico havia conseguido, e se
tornou unanimidade.
O currículo também é invejável. A conquista do Mundial de Clubes contra o Chelsea, neste domingo,
encerra um ciclo que começou com a Copa do Brasil, passou por Copa
Sul-Americana, Campeonato Brasileiro e Taça Libertadores. É o único
treinador com essas cinco medalhas no peito. Resposta a quem chegou a se
tornar sinônimo de perdedor.
Tite brinca no Japão: 'a favela está aqui'
Tite voltou ao Corinthians em outubro de 2010, mais de cinco anos
depois de sua polêmica demissão após uma derrota para o São Paulo.
Naquela ocasião, o iraniano Kia Joorabchian, do MSI, antigo parceiro do
clube, o demitiu ainda no vestiário, contra a vontade do diretor Andrés
Sanches, que o levou de volta já na presidência.
O gaúcho substituiu Adilson Batista na reta final do Brasileirão, com
chances de título, mas acabou atrás de Fluminense e Cruzeiro. Baque
pequeno perto da eliminação para o desconhecido Tolima, na primeira fase
da Libertadores, em 2011. Diante do vexame, Tite achou que seria
mandado embora, mas a garantia de permanência dada por Andrés mudou o
futuro do Timão, que no mesmo ano ganhou o Campeonato Brasileiro.
Eliminação
para o Tolima, ainda com Ronaldo em campo, não derruba Tite, que fica
no Timão por causa de Andrés Sanches
Aos poucos, os termos característicos utilizados nas entrevistas
coletivas deixaram de ser ridicularizados e viraram referência. Num time
de poucas estrelas, em que o coletivo acabou se destacando como
principal fator de sucesso, o técnico era um dos principais ídolos.
O lugar cativo na história corintiana foi assegurado com a tão sonhada
taça da Libertadores. De maneira incontestável, invicta, numa final
contra o Boca Juniors. Tite estava de vez nos braços da galera. E depois
disso voltou a surpreender com declarações inesperadas. Em entrevista
ao GLOBOESPORTE.COM, por exemplo, afirmou que tem muitos inimigos.
Depois de derrota para o Santos, criticou Neymar e disse que o garoto
não era bom exemplo para as pessoas. E por último, disse que jogaria
sujo se fosse preciso para conquistar o Mundial.
Tite dá um beijo em Jorge Henrique
Não foi! Tite levou o Corinthians ao bicampeonato do Mundial de Clubes
da Fifa novamente com um grupo baseado no companheirismo e na justiça.
Na véspera da final, por exemplo, sacou Douglas e colocou Jorge Henrique
no time. Por mais que o meia tenha ficado chateado, a honestidade do
treinador o manteve calmo. Depois da partida, Jorge Henrique ganhou um
beijo do professor pelo dever bem cumprido.
Com essa conquista, não há dúvida: Tite é o maior técnico da história
do Sport Club Corinthians Paulista. Em princípio, o técnico alvinegro
tem apenas mais um ano de contrato, mas certamente terá créditos com a
Fiel eternamente.
O nome de Adenor Leonardo Bacchi está gravado com letras douradas na rica história do Timão.
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